ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA

Médio Oriente: os perigos de uma guerra psicológica

Nos últimos dias, têm sido frequentes as notícias relativas ao Médio Oriente, e em particular as que dizem respeito ao conflito entre Israel e o Irão. As mais recentes dessas notícias referem-se à utilização e ao lançamento de mísseis pelo exército israelita e pelas forças do Hezbollah. O governo de Telavive assume claramente a autoria de alguns dos lançamentos que lhe são atribuídos, e justifica-os como resposta aos ataques ou ameaças de ataques semelhantes, da responsabilidade do Hezbollah, o grupo extremista muçulmano que actua no território do Líbano e da Síria, em nome e com o apoio do Irão. O actual conflito que ameaça a Paz no Médio Oriente trava-se pois entre estes dois países: Israel e o Irão.

Pode dizer-se que estamos a assistir a uma guerra de palavras, ou se quisemos, a uma guerra psicológica. Trata-se de ameaças que, pelo menos da parte do Hezbollah, servem para manter acesa a chama do ódio contra o seu inimigo histórico, ao mesmo tempo que fortalece o ânimo de um povo que precisa de acreditar, contra toda a história recente, que é possível vencer os judeus. Da parte de Israel, o governo de Netanyahu sente-se obrigado a honrar o velho princípio judaico do “olho por olho, dente por dente”, um princípio que todos os seus líderes têm observado do longo do tempo. Ainda por cima, não falta muito para se realizarem eleições e, neste cenário, nenhum líder político israelita pode dar sinais de fraqueza face aos inimigos tradicionais do país. Trata-se de um cenário que favorece portanto os chamados os falcões e o líder do governo de Jerusalém sabe disso. 

De qualquer modo, o actual conflito não deve ultrapassar, pelo menos nos próximos tempos, o nível das ameaças verbais. Nem Israel nem o Hezbollah têm intenção de iniciar um conflito cuja gravidade arrastaria certamente para o campo de batalha as forças do Irão e dos Estados Unidos, que são os verdadeiros guarda costas dos dois inimigos em confronto. Assim, e para já, israelitas e muçulmanos vão-se contentando com uma guerra verbal que serve ao menos para satisfazer o orgulho patriótico de dois povos inimigos. Apesar disso, há razões para temer pelo futuro da Paz no Médio Oriente, uma Paz que só será definitiva, se for fundamentada no respeito pela História e pela Justiça.

Mesmo sabendo que, de momento, as ameaças à Paz são predominantemente de carácter verbal e psicológico, qualquer acontecimento, mesmo que inesperado, pode despoletar uma guerra a sério naquela região do mundo. E as hipóteses de isso acontecer parecem cada vez mais próximas, e uma guerra psicológica no chamado Médio Oriente é sempre uma guerra que pode não se ficar por palavras e ameaças…

 

 

Data de introdução: 2019-09-11



















editorial

ELEIÇÕES

Com as eleições legislativas, autárquicas e presidenciais à porta, nunca é demais lembrar a importância do ato eleitoral, até porque a abstenção tem vindo a aumentar em Portugal como temos assistido nas várias...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

O voluntariado reforça a solidariedade das IPSS
A identidade das IPSS é a solidariedade. Nem todos poderão ter a mesma ideia sobre este valor humano nem a prática da mesma é igual. Até agora, não encontrei um...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

A minha migalha de consignação de IRS é para quê?
Este ano podemos consignar um por cento do nosso IRS a uma entidade de natureza social, ambiental, cultural ou religiosa, o dobro do que podíamos fazer anteriormente. Não é uma quantia...