EUGÉNIO FONSECA

O Poder Local e o Voluntariado

A propósito das próximas Eleições Autárquicas venho propor a ajuda dos leitores para interpelarem os candidatos sobre que lugar ocupa o voluntariado nas suas agendas eleitorais.

Antes de vos apresentar quais são as propostas da Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV) permitam-me que faça algumas considerações sobre as IPSS e o voluntariado. A doação do tempo, sem esperar nada de material em troca, é uma das componentes que dão sentido e força à solidariedade das instituições. É considerável o exército de pessoas que, voluntariamente, dão do seu tempo, para assegurarem a gestão das mais de 5 mil instituições existentes. E a estes voluntários, há que juntar o número dos que oferecem horas por dia, semana ou mês para assegurarem tarefas que não configuram postos de trabalho, porque se tal acontecesse seria uma miserável contradição entre a finalidade e a prática das IPSS. Desconheço se a Direção da CNIS sabe o número de voluntários que, para além dos Corpos Sociais, tem o universo das suas filiadas. Se não conhece, fica aqui o desafio de se fazer um estudo sobre esta matéria, para proveito do próprio setor social.

É pena, também, que a comunicação social não considere relevante o muito de bem e de bom que se faz neste país. Se fosse mais noticiado o bem que é feito pelo voluntariado, talvez se elevasse a autoestima do nosso povo e mais se interessassem por participar no reforço da democracia participativa. Há quem defenda que as Direções das IPSS devem ser profissionalizadas. Concordo, mas no sentido da competência para os cargos que têm os dirigentes, mas nunca como assalariados. Admito que, de acordo com a dimensão de cada IPSS, se possa ter um/a Diretor/a Técnico/a especializado/a em gestão. Espero não contrariar as orientações da Direção da CNIS, mas este é o meu parecer.

A CPV, entre os seus grupos de trabalho, tem um que reflete e apresenta sugestões para a criação de uma “Agenda Local do Voluntariado”. A propósito das Eleições Autárquicas, os membros do grupo conscientes do papel fundamental do voluntariado na construção de comunidades mais humanas, solidárias e coesas, apresentaram aos candidatos um conjunto de propostas para que, na formulação dos programas eleitorais valorizassem e potenciassem o voluntariado local, reconhecendo o seu contributo social, económico e civilizacional. Pensei ser oportuno dar a conhecer aos estimados leitores essas propostas, porque poderão alguns ser candidatos e candidatas ou conhecerem quem o seja e assim possam partilhar tais propostas, se as considerarem relevantes, tais como:

Criar e implementar Planos ou Calendários Anuais de Ações de Voluntariado, elaborados em colaboração com os Bancos Locais de Voluntariado e a sociedade civil, com metas claras e causas priorizadas, promovendo coordenação e impacto consolidado; Estimular o envolvimento das juntas de freguesia no acompanhamento e na atribuição de apoios às organizações promotoras de voluntariado e a grupos não formais de iniciativa cidadã/ comunitária;  Concretizar passos que levem a uma sustentabilidade do crescimento (quantitativo e qualitativo) do voluntariado local, o que pode passar pela criação de estruturas e procedimentos que diminuam a dependência do voluntariado local dos ciclos eleitorais; Garantir que as autarquias tenham, pelo menos, um recurso humano dedicado ao BLV, responsável por coordenação, promoção e articulação com as organizações promotoras de voluntariado e a comunidade; Promover apoio financeiro anual às entidades de voluntariado, com verbas específicas para capacitação e desenvolvimento de projetos inovadores; Regulamentar e formalizar, através de ordens municipais ou programas, o reconhecimento anual do esforço voluntário, incluindo prémios e distinções; Reforçar a presença do tema nas redes sociais e canais institucionais dos municípios, utilizando testemunhos, narrativas reais e campanhas inovadoras; Divulgar evidências do impacto do setor, incluindo estatísticas, testemunhos e resultados em campanhas de sensibilização.

Reitero que um voluntariado competente é um suplemento de alma das IPSS.

                                                                  

 

 

Data de introdução: 2025-09-09



















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