BEJA, 24 DE OUTUBRO DE 2025

A Festa da Solidariedade no coração do Alentejo

Desde a primeira, em 29 de Setembro de 2007, na Quinta da Bela Vista em Lisboa, Eleutério Alves, vice-presidente da CNIS, é o rosto da Festa da Solidariedade. A próxima vai acontecer em Beja, em Outubro, e serão 18 as edições da iniciativa. Ficam a faltar apenas duas, Leiria e Aveiro, para completar a volta a Portugal da Solidariedade.
 

SOLIDARIEDADE - A Festa da Solidariedade chega a Beja em 24 de Outubro. É a XVIII edição desta iniciativa da CNIS. Há mudanças ou mantém-se a tradição?
ELEUTÉRIO ALVES - O que está bem deve manter-se e os objetivos da Festa e da Chama da Solidariedade são os mesmos de há 19 anos quando a primeira iniciativa teve lugar em Lisboa: promover os interesses do Sector Solidário, chamar a atenção das comunidades para o que de bom se faz nas IPSS, criar oportunidades de encontro e troca de experiências entre as IPSS do país.

No ano passado a Festa aconteceu na sexta-feira e agora mantém-se esse dia da semana. Há razões para isso?
Nestes quase 20 anos a Festa foi-se adaptando às circunstâncias conjunturais de cada edição e enquanto promotores começámos a sentir alguma dificuldade na participação de muitas instituições ao sábado, daí que optámos, com o acordo das Uniões Distritais anfitriãs por realizar esta iniciativa a um dia útil em que todos os equipamentos sociais estão em atividade e o resultado foi positivo. Com a Chama procuramos ir de encontro às populações com o mesmo objetivo de afirmar o papel extraordinário das IPSS na vida comunitária local.

Podemos adiantar a estrutura da Festa de Beja?
Este ano a iniciativa vai decorrer entre os dias 20 e 23 de Outubro com um percurso da Chama da Solidariedade através dos diferentes concelhos do distrito de Beja e a Festa no dia 24 de Outubro na cidade de Beja. Estamos a preparar para o dia 23 de Outubro um seminário temático em Beja, ou noutro concelho do distrito, para que para além da componente de animação da Festa possa existir um tempo de reflexão institucional e partilha com a comunidade, sobre um tema de interesse relevante para o distrito e para o sector solidário.

Espera muita participação de IPSS?
A participação nos últimos anos, tem sido essencialmente regional embora continue a haver bastantes presenças nacionais, mas é sempre uma participação muito significativa que envolve dezenas de instituições com os seus utentes e trabalhadores e muita participação de outras entidades, escolas, associações, grupos de música, bombeiros, tudo o que a comunidade tem para oferecer e mostrar a quem a visita.

Neste longo caminho, atravessando todo o Portugal, não sente haver um cansaço da iniciativa?
Enquanto promotora da Festa, a CNIS entende que ainda há espaço e motivação local e nacional para a iniciativa e, mais do que isso, que esta iniciativa continua a ser um dos principais instrumentos na promoção dos interesses e valores das IPSS e de todo o Sector Solidário. É um tempo em que se fala desta realidade, se conhecem e trocam iniciativas e experiências, é uma oportunidade para muitas pessoas institucionalizadas reverem amigos e familiares, recordar tempos de vida, reviver emoções.
Entendemos que todas as oportunidades que possam ser criadas para as IPSS sentirem o reconhecimento das comunidades onde se integram e mostrar a todos que podem confiar nelas os seus próprios interesses, nunca é um tempo nem uma oportunidade perdida e a forma como as Uniões se entregam a este evento quando é feito no seu território, dá-nos essa confiança para continuar porque entendemos que vale a pena.

Tem sido o rosto da CNIS para a Festa e Chama. Alguma vez pensou que ao cabo de 18 anos continuaria a organizar este evento?
O rosto e o grande mentor da iniciativa foi, desde o primeiro dia, o nosso Presidente P. Lino Maia, que acreditou no projeto, o acarinhou, promoveu, defendeu e apoiou e ainda hoje é o maior entusiasta, com uma presença habitual e estimulante nas ações diárias que integram o programa de cada Festa.
Mas em todas as iniciativas tem que haver alguém responsável pela organização e coordenação das mesmas e essa foi uma missão que com muita honra recebi em 2007 para organizar a Festa de Lisboa. Missão que orgulhosamente partilho com outros membros da CNIS que desde o início assumiram comigo e em nome da CNIS, a responsabilidade de a levar a cabo.
Nunca estive sozinho, tive sempre o apoio da direção e das Uniões em cujos distritos a Festa teve lugar, da Drª Goreti Teixeira, que desde 2007 integrou a equipa organizadora e sempre me acompanhou no terreno ao longo destes anos na preparação do evento, do Sr. Eduardo Mourinha, também muito entusiasta da Festa e sempre disponível para colaborar e ainda da D. Emília Fontes, que na retaguarda e desde o início, teve sempre um desempenho importante para que os procedimentos administrativos necessários, e por vezes complexos para a preparação destas iniciativas ao longo destes anos, fossem garantidos de forma segura e competente.

Dá mais trabalho agora ou as primeiras iniciativas foram mais difíceis?
As primeiras iniciativas foram mais difíceis porque o formato era diferente, havia percursos a pé ao longo do país. Recordo que a Chama da Solidariedade percorreu a pé o percurso de Lisboa a Barcelos, mas o trabalho quando a causa é justa e o sucesso acontece, deixa de ter significado. Depois, a experiência acumulada vai-nos orientando para a melhoria dos procedimentos.

Ainda ficam a faltar Aveiro e Leiria. Gostava de terminar a volta a Portugal?
A volta só não termina dentro deste mandato da CNIS porque em 2020 devido à COVID a Festa e Chama da Solidariedade não se realizaram. A escolha dos distritos em cada edição, foi sempre por manifestação do interesse das Uniões Distritais em que se organizasse no seu distrito, nunca por decisão da direção da CNIS, pelo que terem ficado para o fim Aveiro e Leiria não dependeu da vontade ou determinação da CNIS. Este ano, no Conselho Geral de Novembro, aguardamos que destas duas Uniões surjam candidaturas manifestando o interesse nesta iniciativa.

Com quem conta para a organização da Chama e da Festa em Beja?
A Festa e Chama em Beja terá como organização a CNIS e a União de Beja e o apoio institucional de diversas entidades locais, regionais e nacionais. Realço com agrado o trabalho que tem sido desenvolvido localmente pela União de Beja, enquanto estrutura de proximidade que muito facilita a preparação do evento.

Neste ano de eleições há espaço para convites aos mais altos representantes do Estado?
O calendário político não conta para o nosso tempo. Os convites serão feitos, como sempre fizemos, a quem nessa data representar as instituições e entidades. A presença dos convidados na Festa é da vontade e do interesse de cada um. O histórico da Festa é de todas as edições terem tido representantes do governo e das autarquias, como sinal de reconhecimento pelo que o sector social faz na promoção da paz social no país, pelo que não vemos qualquer razão para este ano não ser assim.
 

Pensa que a Festa e a Chama continuam a contribuir para a notoriedade da CNIS?
A CNIS é a maior entidade representativa do Sector Solidário em Portugal, que não se move por razões de notoriedade própria, mas antes no sentido de conferir ao Sector Solidário condições de notoriedade e reconhecimento pela ação que as IPSS desenvolvem junto das comunidades. Seja através da Festa, de muitas outras iniciativas que ao longo do tempo vai regularmente desenvolvendo, de participação em trabalhos que visem melhores políticas sociais para o país, a CNIS está sempre na primeira linha na defesa dos valores, dos princípios e das políticas que assegurem mais dignidade, mais bem-estar, mais direitos de cidadania, melhor proteção social a todos os cidadãos, sem exclusão de ninguém. E isto não deve ser apenas um propósito de alguns, mas antes uma obrigação de todos.

 

Data de introdução: 2025-09-12



















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