As instituições do Sector Social Solidário dos Açores continuam sem ver atualizados os acordos de cooperação para o ano de 2025, uma situação que decorre da falta de transferência de verbas do Governo da República para o Instituto da Segurança Social dos Açores (ISSA).
As IPSS e as Misericórdias açorianas continuam, no segundo semestre de 2025, a ser financiadas com valores acordados para o ano de 2024.
João Canedo Reis, presidente da União Regional das Instituições Particulares de Solidariedade Social dos Açores (URIPSSA), já havia alertado a CNIS para a situação, no Conselho Geral, que decorreu em Fátima, em Julho. Já na altura, o dirigente açoriano sublinhou a situação difícil das instituições sociais do arquipélago: “Nas IPSS dos Açores, aumentámos o salário mínimo regional [de 861 euros para 913,5 euros], tivemos de fazer face à inflação e aumentámos os demais trabalhadores das instituições. Já há instituições com alguns problemas de sustentabilidade, em particular as mais pequenas, que estão com bastantes dificuldades, tanto que tiveram dificuldades em pagar o subsídio de férias, e continuam com essa preocupação de todos os meses terem de pagar os ordenados aos trabalhadores e as despesas do dia a dia”.
Com setembro a começar, a mais recente informação que o dirigente tem é da que “o ISSA vai reunir com a Secretaria de Estado da Ação Social e da Inclusão para ver se o Governo Central liberta as verbas para as atualizações dos acordos de cooperação”.
João Canedo Reis destaca que existem cerca de 223 IPSS nos Açores e emprega cerca de seis mil trabalhadores e atira: “Valemos alguma coisa na economia açoriana”.
“Gostaria que o Governo da República não tratasse os açorianos como portugueses de segunda. Neste momento, estamos a ser tratados de maneira que não é correta”, sublinhou o presidente da URIPSSA, lembrando que “para haver equidade, em maio ou junho já devíamos ter recebido com retroativos em janeiro”.
E, segundo o dirigente, a situação a continuar pode agravar-se ainda mais: “Se isto levar mais tempo, qualquer dia temos de pagar o subsídio de Natal aos trabalhadores e não temos dinheiro para pagá-lo”.
O presidente da URIPSSA deixa ainda uma garantia de apesar das dificuldades não baixar a qualidade.
“Temos uma ótima qualidade de serviço nas IPSS nos Açores e não queremos baixar essa qualidade, nem devemos”, asseverou.
Bento Barcelos, da União Regional das Misericórdias dos Açores (URMA), reforça as ideias deixadas por Canedo Reis, lembrando que não foi celebrado o Acordo de Base para 2025, “porque o Governo da República não deu orientações para que a transferência de financiamento do orçamento da Segurança Social viesse para a Região”.
“Há aqui um mal-entendido de natureza política que carece de uma solução o mais rapidamente possível”, considera, acrescentando que o valor em falta ronda os 10 milhões de euros.
“O orçamento da Segurança Social, em números redondos, anda por volta dos 42 mil milhões de euros. É um quarto do Orçamento do Estado. É meramente residual”, sustenta.
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