EDITORIAL

FIRMAR A ESPERANÇA, CONFIRMAR A SOLIDARIEDADE

1. Um congresso, simultaneamente temático e eleitoral, é sempre uma referência na vida de uma organização. O IV Congresso da CNIS foi eleitoral, mas foi, especialmente, um espaço de reflexão e debate sobre temas estruturantes para o Sector da Economia Social Solidária na busca de novos caminhos da solidariedade, na prevenção e combate às causas e consequências da exclusão social: certamente, será um marco tanto na vida da Confederação como do próprio Sector.
Um marco porque consagrou a orientação estratégica da afirmação, da serenidade, da visibilidade estruturante e do diálogo.
Um marco na forma como abordou e situou a subsidiariedade activa, que, muito para além das respostas tradicionais, exige, por parte das Instituições a procura de respostas abrangentes e globais e um funcionamento em rede e parcerias, e, por parte dos poderes e administrações locais, regionais e nacionais uma mudança de atitude e de acção.
Um marco pela forma como assumiu a qualidade na acção solidária, que é uma atitude e uma caminhada permanente de exigência e co-responsabilização pela excelência.
Um marco pela forma como envolveu o sector solidário no compromisso pela educação: a via contínua da inclusão, que começa nos primeiros meses de vida e se prolonga por todo o seu desenvolvimento.
Um marco porque parece ter consolidado a unidade na diversidade, manifestada no facto de, pela segunda vez consecutiva, terem aparecido duas listas a sufrágio, o que é salutar.
Um marco também, e é justo registar, pela disponibilidade e dignidade com que se apresentou o Padre Carlos Fernandes, um jovem que já muito dá e cujo porte o honra a ele e ao Sector.


2. De forma assinalada, finalmente, foi um marco pela postura adoptada na actual conjuntura social.
Face à situação de crise global existente e aos seus reflexos na vida das pessoas, já sentidos e com tendência para se agravarem, o IV Congresso decidiu que seja dada uma atenção especial às situações de desemprego e exclusão social e que seja feito um levantamento, tão rápido quanto possível pelas IPSS e pelas Uniões distritais ou regionais, das necessidades existentes nas suas áreas de intervenção relativamente às situações de graves carências.
Decidiu também o IV Congresso, e de uma forma atenta e segura, que seja criado um Fundo de Solidariedade para permitir ao Sector Solidário responder às situações entretanto sinalizadas.
A proposta brotou do seio do Centro de Estudos Sociais da CNIS, que tão persistente, laborioso e competente se revelou antes e em todo o Congresso. Os congressistas sancionaram.
Já são responsáveis pelo mais persistente e intenso contributo para a inclusão social e para a minoração de situações de pobreza. Com a posição adoptada no Congresso, as Instituições dão mais um significativo e liderante passo, mostrando que, pela sua dimensão, pela sua expressão e por serem a presença mais activa e mais uniformemente distribuída por todo o País na vida das pessoas e das comunidades, são os agentes mais próximos, mais céleres e mais credíveis nas respostas em situações emergentes.


3. Doravante, muito embora seja referido como um marco, o Congresso acabou. Impõe-se, agora, que tudo continue a ser feito para firmar a esperança e confirmar a solidariedade porque há desafios de todo um mundo de homens e mulheres, voluntários e empreendedores, tanto no ontem, como no hoje e no amanhã, que assumem as causas da conversão de lágrimas em sorrisos, de sofrimentos em afectos, de obstáculos em fulgores, de desilusões em fervores. São desafios apenas defrontáveis de mãos dadas.
Nada nem ninguém pode fazer deter este Sector em querelas inúteis: há muita gente que o desafia a ser mais determinado ainda na construção de uma fraternidade autêntica e mais ousado para um devir de esperança. É a comunidade e são as famílias que olham para este Sector e o vêem como a esperança de mais empreendedorismo, de mais emprego, de mais justiça, de mais inclusão, de maior igualdade de oportunidades, de um futuro melhor para si próprios e para os vindouros.
Os tempos são de crise: nada que seja superior à vontade, à determinação e às capacidades dos dirigentes e voluntários. É uma crise geradora da atraente oportunidade de reforçar a afirmação dos valores humanos e o primado do homem e do humano sobre as suas circunstâncias.


Lino Maia

 

Data de introdução: 2009-02-09



















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