Habituem-se II

Afinal, sem o sabermos, o seráfico Dr. Vitorino, além de outros atributos que o indicam sempre como candidato a tudo, embora ele acabe por não aceitar nada de coisa nenhuma, possui uma enorme capacidade para a "adivinhação". 

Com efeito, no início da governança do Engenheiro Sócrates, solicitado a comentar algumas iniciativas mais polémicas, declarou: "habituem-se"! 

Passados vários meses, confrontados com um pacote alargado de alterações governativas que têm semeado muito descontentamento em vários sectores sócio-profissionais e na população em geral, vai passando a ideia de que temos mesmo de nos "habituar" a estas mudanças, uma vez que estão em jogo "reformas estruturais" que toda a gente reclama, embora na hora da verdade, ninguém aceita de bom grado, na medida em que se for sentindo atingido em direitos ou expectativas que imaginava jamais poder ver questionados. 

O Senhor Presidente da República, na mensagem do dia 5 deste mês de Outubro, trazendo estas problemáticas à reflexão dos portugueses, falou na necessidade de uma atitude que saiba compatibilizar os "direitos de uns" com os "interesses de todos". 

À luz desta "orientação republicana" anunciada no passado dia 5 de Outubro, devem as associações sindicais representativas de todas as corporações, bem assim como as associações patronais e a generalidade dos portugueses entrar num "processo de meditação transcendental, tipo: retiro social", de forma a serem capazes de experienciar uma reciclagem mental e comportamental capaz de ir alterando o rumo de muitos dos caminhos que têm sido percorridos na sociedade portuguesa.

Costuma dizer-se que "o futuro a Deus pertence".
Porém, para um Estado que se rege pela ética republicana, o futuro deverá ser reconstruído na base da busca da "fórmula mágica" que consiga convencer os políticos a perceber o que é da responsabilidade do Estado, organizando-o para cumprir com eficiência essa responsabilidade, e o que é competência da Sociedade Civil Organizada, criando condições para que os cidadãos e as suas Organizações Representativas, aos mais variados níveis, possam viver e organizar a sua cidadania activa, considerando-os como "subsidiários" e não "supletivos ou suplentes", sem o risco permanente de o Estado e as suas Administrações Centrais ou Locais "sequestrarem" iniciativas e obras feitas pelos cidadãos, sempre que o Estado, por má gestão ou respostas deficitárias na sua actuação, entender criar concorrências desleais a estes cidadãos e suas Organizações.

Não falta hoje quem queira cantar o estafado refrão de que "o que é estatal é que é bom".

A este HABITUEM-SE II devemos dizer: NÃO!

 

Data de introdução: 2005-11-05



















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