A espera que se traduz em esperança

Em época de ESPERA , todos nós vamos alimentando a ESPERANÇA por mais e melhor solidariedade. 

Esperar é um valor e neste mundo onde os valores estão tão fora de "uso" é ousadia dizer que a nossa atitude é de ESPERA... Esperamos um tempo novo, uma mudança social e política que se traduza em justiça social, em verdade institucional que corresponda aos esforços que todos vamos fazendo para corresponder aos objectivos que nos são propostos. Maior produtividade, maior inovação, maior conhecimento, maior qualificação. São estas as grandes propostas, os grandes desafios, as grandes esperas que vamos vivendo no mundo da Solidariedade. 

Solidariedade que, como e enquanto valor é direito de cidadania de todos, com todos e para todos.
Solidariedade que queremos vivida, partilhada, assumida por todos.
Solidariedade que não faz acepção de pessoas, de organizações, de regiões. 

Solidariedade que é a base e a consistência social e ética das Instituições de Solidariedade Social que representamos e nas quais vamos tornando em acto, os princípios que nos dão a força e a razão da nossa existência. 

Esperamos! A espera que se traduz em esperança não se alimenta de desesperanças somadas, resultado da ignorância, do esquecimento, da luta quotidiana, mas de gestos e atitudes concretas e mobilizadoras daqueles para quem estamos; a comunidade que servimos e que é a base, o porquê e o para quê do nosso existir. O "rol" dos constrangimentos e das dificuldades que sentimos no nosso dia a dia de serviço à comunidade é imenso; o "desprezo" a que tantas vezes estamos votados por parte de quem tem o "poder", todos nós o sentimos e vivemos. 

Como ver, reflectir, agir?... Só com Esperança e dando a conhecer o bem, as "boas práticas", a solidariedade que em nós e através de nós se vai gerando e é fonte de vida .
O reconhecimento, a valorização de tanta gente anónima, de tantas organizações que continuam a alimentar a esperança, a espera dos nossos dias que não sofrem de monotonia, mas estão carregados de novidade, são BOA NOVA, são SINAIS DE ESPERANÇA! Ousar dar a conhecer, sem medo, nem rodeios, que, como IPSS, estamos vocacionadas pela nossa essência para um verdadeiro e árduo trabalho comunitário. Por inerência somos criadoras e promotoras de desenvolvimento através do incremento e desenvolvimento de políticas sociais activas, que se desenvolvem e se sustêm pelas boas práticas, sempre assentes e validadas pelo conhecimento científico que lhes dá credibilidade. 

Este é o desafio tornado já prática para muitos de nós. Conhecemos, queremos dar a conhecer quem somos, o que fazemos e quem servimos. Para isto realizámos o Estudo de caracterização social, económica e cultural das freguesias de Portugal continental. Estudo da realidade, com a realidade e para a realidade, no qual se diz com clareza e sem rodeios quem somos, em que e como intervimos, e se apontam linhas de acção estratégicas para futuro. 

Há um ano que este trabalho está concluído, um ano demorou a realizar e só quem sabe e conhece bem o que implica de esforço, de trabalho, de entrega, a concepção, realização de um trabalho de investigação com a vastidão do que foi realizado pode dar valor ao instrumento de trabalho que todas temos, mas ao qual ainda não chegou a hora de termos acesso. Talvez outros o reconheçam e neste momento já seja recurso para a definição de estratégias de planeamento da sua intervenção. Se assim for e se de tudo isto resultar mais conhecimento, mais apoio à comunidade, mais trabalho, mais solidariedade, menos exclusão, menos indiferença... o estudo não foi em vão pois está ao serviço. Vivemos em tempo de espera! Em breve a espera será Verdade, a Palavra será Carne, a Vida nascerá. 

Não podemos perder a dinâmica do tempo que é a esperança, pois mais do que valências e segmentos de população que de nós precisam, sem dúvida, temos que abrir as portas à Comunidade onde estamos, donde vimos e para onde vamos. 

Descobrir meios inovadores fundamentados sempre na investigação/acção que vão ao encontro de novas situações, de novas formas de exclusão, de segregação. Alargar o nosso modo de ver, reflectir e agir para saltar as barreiras do indiferentismo, "da nossa casa", é a mudança a que todos somos chamados.
A "Casa" é de todos e para todos e todos a ela têm direito. 

Melhorar o que temos, integrando--o no todo mais vasto a que pertence, a Comunidade, a Família, não é sonho, é a Espera que se transforma em Vida!

* Membro da Direcção da CNIS

 

Data de introdução: 2004-11-21



















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