POBREZA

Nobel da Paz distingue Muhammad Yunus, que criou o microcrédito para combater a pobreza mundial

O Comité Nobel norueguês atribuiu o prémio ao pioneiro do microcrédito e ao Banco Grameen, fundado no Bangladesh, que demonstraram que mesmo os mais pobres dos pobres podem trabalhar para criar o seu próprio desenvolvimento. Conceder créditos a pessoas sem recurso algum converteu-se num "importante instrumento na luta contra a pobreza", referiu o comité, que considerou que "a paz duradoura não pode ser atingida se não for aberto um caminho para que uma ampla parte da população saia da pobreza".
A luta contra a pobreza, que afecta 1,2 mil milhões de pessoas em todo o mundo, foi este ano homenageada com o Nobel da Paz.

Uma em cada seis pessoas no mundo vive em condições de pobreza extrema, sobrevivendo com menos de 0,80 euros (um dólar) por dia, e reduzir para metade entre 1990 e 2015 a pobreza extrema e a fome é o primeiro dos oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio com os
quais se comprometeram 189 chefes de Estado e de Governo durante a assembleia-geral das Nações Unidas em 2000.

"Yunus desenvolveu uma poderosa arma para ajudar o mundo a alcançar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, para ajudar as pessoas a melhorar as suas vidas, especialmente aqueles que mais precisam", declarou sexta-feira o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, num comentário à atribuição do Nobel da Paz.

O Banco Mundial considera pobreza extrema viver com menos de um dólar por dia e pobreza moderada com menos de dois dólares (1,60 euros), estimando que 1,2 mil milhões de pessoas se encontram no primeiro caso e 2,7 mil milhões no segundo.

A proporção da população dos países em desenvolvimento que vive em pobreza extrema diminuiu de 28 por cento em 1990 para 19 por cento em 2002. No mesmo período, o número de pessoas nos países em desenvolvimento cresceu 20 por cento, para mais de cinco mil milhões,
um quinto do qual sobrevive com menos de um dólar/dia.

De acordo com o Banco Mundial, se as taxas de crescimento económico nos países em desenvolvimento forem sustentadas, a pobreza global descerá para os 10 por cento em 2015, o que representaria um sucesso notável.

Num balanço do cumprimento do primeiro dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, o Banco Mundial refere que o número de pobres aumentou um terço na África Subsaariana. Mais de 314 milhões de africanos vive com menos de um dólar por dia.

Por outro lado, o crescimento acelerado na Índia colocou o Sul da Ásia no caminho para atingir o objectivo, embora nesta região totalizem 400 milhões os que vivem em pobreza extrema.

O Leste da Ásia tem mantido um crescimento económico sustentado, conduzido pela China. Na região do Leste da Ásia e Pacífico oito por cento da população vive com menos de um dólar/dia.

Segundo o Banco Mundial, o crescimento e a redução da pobreza têm sido mais lentos na região da América Latina e Caraíbas, onde quase um quarto da população vive com menos de dois dólares por dia.

A transição das economias na Europa Central e de Leste levou ao crescimento das taxas de pobreza nos anos 1990, que posteriormente desceram. Neste e no caso do Médio Oriente e Norte de África, o Banco Mundial considera que "o consumo de dois dólares/dia poderá ser um limite mais realista para a pobreza extrema".

Mas, mesmo que a pobreza diminua no mundo em geral, continua a representar um enorme problema. Um terço das mortes - 18 milhões de pessoas por ano, 50.000 mil por dia - deve-se a causas relacionadas com a pobreza. São 270 milhões desde 1990, a maioria mulheres e crianças, quase a população dos Estados Unidos.

Todos os anos, perto de 11 milhões de crianças morrem antes do seu quinto aniversário e todos os dias 800 milhões de pessoas vão para a cama com fome. "O mundo fez progressos em relação aos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, mas são insuficientes", considera Kofi
Annan na sua mensagem a propósito do Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, este ano subordinado ao tema "Trabalhar em conjunto para vencer a pobreza".

"Lamentavelmente, a 'parceria global para o desenvolvimento' continua a ser mais uma frase que um facto. Isto tem de mudar. Todos os actores chave do desenvolvimento - governos, sector privado, sociedade civil e as pessoas que vivem na pobreza - têm de empreender um trabalho colectivo anti-pobreza que permita aumentar os níveis de vida e atenuar o sofrimento humano", salienta o secretário-geral da ONU.

Nesse sentido, Annan defende que as negociações de Doha devem resultar num comércio mais livre e mais justo para todos, as nações desenvolvidas têm de respeitar os compromissos em relação à ajuda ao desenvolvimento e à dívida externa das mais pobres, enquanto os países
em desenvolvimento devem dar prioridade ao cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

"A campanha para ultrapassar a pobreza - um desafio moral essencial da nossa época - não pode continuar a tarefa de poucos, têm de se tornar a ocupação de muitos. Neste Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza exorto todos para se juntarem a esta luta.
Juntos podemos conseguir progressos para acabar com a pobreza", declara Annan na mensagem.


15.10.2006

 

Data de introdução: 2006-10-15




















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