Ao cabo de quatro dias a levar o espírito social solidário por todos os concelhos do distrito de Bragança, a Chama da Solidariedade chegou à capital brigantina, onde foi recebida com grande entusiasmo pelas instituições sociais e pelas diversas entidades públicas do concelho.
Ao final da tarde, a tocha solidária juntou-se às várias representações das IPSS do concelho na Rotunda dos Caretos, seguindo por diversas artérias da cidade, recolhendo os representantes da Câmara Municipal, da Segurança Social, dos Bombeiros, da GNR e da PSP, para em caravana espalharem o espírito da solidariedade pela cidade, terminando o percurso na Catedral de Bragança.
À noite houve um cheirinho de festa, com uma cerimónia no Teatro Municipal de Bragança dedicada aos trabalhadores das IPSS e a noite a terminar em ambiente festivo com um concerto da banda transmontana Galadum Galundaina.
No momento institucional, o padre Lino Maia começou por se referir aos dirigentes, dizendo: “A senhora secretária de Estado noutro dia dizia-me que as pessoas não imaginam, se as instituições fechassem, o que seria deste país. E eu digo mesmo que não encerram porque há dirigentes voluntários dedicadíssimos e fabulosos. Às vezes apetecia fechar, alguns dizem mesmo que precisamos de fazer uma greve ou coisa do género, mas são apenas gritos que vêm de dentro, não definem sentimentos. Os nossos dirigentes, com parcos recursos, mas com muito entusiamo, fazem com que muitas pessoas vivam com esperança e mais perspetiva de futuro”.
Depois, dirigindo-se aos trabalhadores, a quem a noite foi dedicada, o líder da CNIS lembrou que “as instituições têm muitos trabalhadores e todos vestem a camisola da solidariedade”. “Normalmente, a remuneração não é a merecida, mas ainda assim vestem a camisola da solidariedade. Muita gente neste país e neste distrito vive com mais alegria, com mais esperança, porque vós trabalhadores fazem o vosso trabalho com coração, olham para as pessoas com amor, com simpatia, com sorrisos e com abraços. Todas as homenagens são poucas e, a vós trabalhadores, digo-vos um obrigado muito sincero”.
A terminar, deixou um apelo: “Trabalhadores não desistam. Dirigentes não desistam”.
Por seu turno, a secretária de Estado da Ação Social e da Inclusão, Clara Marques Mendes começou, igualmente, por fazer um apelo: “Estava a olhar para a Chama quando aqui entrou e pensei que no final da Festa este símbolo será apagado, mas espero que esta Chama nunca se apaga dentro de nós”.
Depois, quis deixar uma “mensagem de agradecimento, reconhecimento e compromisso”.
“Agradeço todo o trabalho que fazem junto da comunidade e sem deixarem ninguém para trás, muitas vezes com grandes dificuldades. Temos prioridades, mas a situação dos trabalhadores é uma das que vai ser acautelada”, referiu, prosseguindo: “Uma mensagem de reconhecimento que passa para além das palavras bonitas que se dizem, mas muitas vezes as ações não são condizentes. Queremos que seja diferente e, por isso, temos um diálogo de fundo com o Sector Social. Os governantes têm de saber ouvir e, por isso, estamos a dialogar com o sector para remodelarmos o modo de comparticipar. E queremos que em 2025 as atualizações sejam mais justas. Este mês vamos assinar a adenda e três respostas terão uma atualização de 3,5%”.
Por fim, Clara Marques Mendes afirmou que o governo quer “assumir um compromisso de proximidade com as instituições e com as pessoas”, rematando: “A porta do meu gabinete é a porta da vossa casa”.
O dia começou em Miranda do Douro, com uma breve passagem por território espanhol. No planalto mirandês, o facho solidário foi recebido no quartel dos bombeiros locais, onde para além de utentes e representantes de IPSS, houve dois momentos de dança, por um grupo feminino de danças mistas e ainda um grupo de jovens pauliteiros.
A autarca Helena Barril, após uma breves palavras em mirandês, sublinhou que “chamar a atenção para as IPSS nunca é de mais” e lembrou: “Unidos seremos sempre mais fortes e esta é uma hora para fazermos parte do espírito da solidariedade”.
“As crianças, os doentes, os idosos, a população mais vulnerável é por vós cuidada e acarinhada de forma exemplar e a solidariedade é isso, é esse cuidado que prestamos aos outros sem esperar nada em troca”, afirmou Paula Pimentel, dirigindo-se às IPSS presentes, acrescentando: “A Chama pretende consciencializar a população para a necessidade de praticar a solidariedade, mas é também uma forma de reconhecer e prestar homenagem às terras que sabem cuidar dos seus, aos cidadãos que se sabem colocar no lugar do outro e que sabem estender a mão para levantar quem precisar de ajuda”.
Dali, a Chama da Solidariedade seguiu para a penúltima visita de 2024, rumando a Vimioso.
“Tal como o colesterol, também há uma solidariedade boa e outra má. A má existe porque não há respostas suficientes do governo, que não responde as instituições. Nós, autarquias e instituições, que estamos próximos e resolvemos os problemas das pessoas somos a solidariedade boa. Por isso, exige-se melhores condições para estas instituições. Não deixem esta Chama apagar e obrigado por sensibilizarem o país e o distrito para a solidariedade”, sustentou, com emoção, o presidente da Câmara Municipal, António Vaz.
Por seu turno, Paula Pimentel recordou que a tocha solidária “já percorreu quase todo o distrito e em Vimioso queremos que sintam esta visita como uma homenagem a todos quantos aqui vivem e diariamente fazem alguma coisa para o bem comum”.
“A todos os que diariamente o fazem o nosso reconhecimento e agradecimento, muitas vezes estes gestos que não tem qualquer custo material, têm um enorme valor, fundamental para o bem-estar emocional da nossa gente”, defendeu.
De Vimioso a Chama seguiu para Bragança, onde após o cortejo por diversas artérias da cidade, foi recebida na Catedral brigantina.
“Temos muito gosto no que somos, porque, no mundo, este é o país onde mais se vive a solidariedade pela forma como a sociedade se organiza para servir os outros”, começou por dizer o presidente da CNIS, que acrescentou: “Nós sentimos que a sorte do outro é a nossa sorte. Isto é muito cristão, mas também muito português. E é sempre bom lembrar que devemos muito aos trabalhadores pelo bom que se faz nas instituições. Não deixem morrer a chama da solidariedade”.
Por seu turno, o Bispo de Bragança-Miranda, D. Nuno Almeida, considerou que “a Chama traz à memória palavras de Cristo”, ou seja, “vinde trazer o fogo do amor, porque é o amor que dá alma a todos o que trabalham nas instituições”.
“Nas visitas que tenho feito a todas as comunidades da diocese vejo a crescer a gratidão para com as instituições e o reconhecimento pelo bem que elas fazem”, revelou D. Nuno Almeida.
Já o edil Paulo Xavier disse ser “com honra e emoção que Bragança a Chama”.
“O que sentimos é que é o símbolo da união, do altruísmo e da fraternidade e é uma mensagem daquilo que devemos fazer todos os dias, isto é, fazer o bem”, sustentou, frisando: “Juntos podemos ir mais longe e fazer mais por aqueles que de nós precisam. Que a chama continue a arder no coração de todos e o seu espírito esteja aceso em todos nós”.
Na véspera, ou seja, na quarta-feira, a Chama da Solidariedade começou o dia em Lagoaça, concelho de Freixo de Espada à Cinta, com uma visita ao Centro Paroquial e Social local. Na longa viagem do fogo solidário da CNIS pelo distrito brigantino, esta foi a única visita a uma IPSS, onde os principais testemunhos dados foram os de dois utentes e ainda duas filhas de outras duas utentes.
Numa cerimónia conduzida pela diretora-técnica Liliana Pereira, houve ainda animação, música e um almoço preparado especialmente para a ocasião.
“Não estamos num lar, estamos numa casa de acolhimento e somos muito bem tratados”, sustentou Benjamim Silva, de 93 anos, ao que Alzira Teixeira, 92 anos, acrescentou: “Não estou num Centro, estou na minha casa e sou muito feliz aqui. Faço o que quero e posso e estou muito bem”.
Já as duas filhas, cujas mães são acolhidas no lar de Lagoaça, sublinharam o cuidado e carinho com que as mães ali são tratadas, num momento de grande emoção para todos os presentes.
“Apesar de não morar aqui, a minha mãe nasceu aqui e no lar encontrou muitas amigas e amigos. Tenho pena de não estar perto, mas sei que ela está bem. Ela de vez em quando não se lembra de mim, mas sei que está bem. Muito obrigado a todos as funcionárias”, disse.
De Lagoaça, a comitiva da CNIS/UIPSSDB rumou a Alfândega da Fé, onde houve uma primeira receção à Chama nos Paços do Concelho. Já na Escola Básica e Secundária do Agrupamento de Escolas de Alfândega da Fé, perante uma vasta plateia, o edil Eduardo Tavares lembrou que “a Chama simboliza a união e o trabalho em rede”.
“Quero dar os parabéns à CNIS e à União das IPSS de Bragança pelo trabalho importante que as IPSS fazem na nossa comunidade. Foram um exemplo na luta contra a Covid”, destacou o presidente da autarquia.
Por seu turno, Eleutério Alves, vice-presidente da CNIS, considerou importante “investir na educação destes jovens para a solidariedade”, acrescentando: “Temos de olhar para o lado e ver quem anda ao nosso lado e se precisa de alguma coisa. Alfândega da Fé tem instituições que fazem a diferença e as pessoas devem ter vaidade e orgulho em trabalhar numa IPSS”.
Já Paula Pimentel, presidente da UIPSSDB, defendeu que “ser solidário é partilhar, cuidar, respeitar, valorizar, é ter empatia pelos outros e consciência de que pequenos gestos, pequenas atitudes fazem a diferença”.
“A Chama que hoje trazemos quer prestar-vos essa homenagem e quer também criar a consciência coletiva de que este olhar solidário é uma forma de viver, de ser, fundamental para criar comunidades mais felizes”, rematou.
Seguiu-se Mogadouro, com a tocha solidária a ser recebida na Casa da Cultura local.
Para o presidente da autarquia, António Pimentel, “as IPSS não são apenas prestadoras de serviços, dão um cuidado contínuo” e “a Festa da Solidariedade vem lembrar-nos da necessidade de partilha”.
“Quero dizer-vos que Mogadouro, as suas instituições e as pessoas que aqui vivem são um exemplo do que é ser solidário. Cuidamos dos nossos e ajudamos os outros sem reservas. Sabemos a importância da dignidade e do respeito e olhamos para os que precisam com compaixão e com carinho”, sustentou Paula Pimentel.
Seguiram algumas atuações musicais por grupos de instituições de Mogadouro e ainda uma representação da vindima, que uniu utentes e trabalhadores de quatro IPSS do concelho, num verdadeiro trabalho em rede.
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