JOSÉ CARLOS BATALHA, PRESIDENTE DA UDIPSS LISBOA

Dar continuidade e aprofundar o trabalho feito

No próximo dia 19 de fevereiro a UDIPSS Lisboa vai a votos para eleger os novos órgãos sociais para o quadriénio 2016-2019. José Carlos Batalha, membro do último Secretariado de Lisboa, da primeira Direção da CNIS e presidente da Direção nos dois primeiros mandatos da UDIPSS Lisboa, encabeça a lista institucional candidata ao ato eleitoral, a única a ir a votos. Lisboa é a maior União Distrital (UD) do País, com um pouco mais de 500 IPSS filiadas, e a lista candidata propõe-se dar continuidade ao trabalho feito, aprofundando matérias que, no seu entender, necessitam de maior atenção e preocupação no sentido de prosseguir a missão de apoiar as instituições do distrito, que apresenta grandes assimetrias no seu seio.

SOLIDARIEDADE – De novo candidato, que balanço faz deste mandato que agora termina e que marca o seu regresso à presidência da UDIPSS Lisboa, após um mandato de interregno?
JOSÉ CARLOS BATALHA – O balanço é positivo, mas obviamente muita coisa ficou por fazer, o que também é um bom sinal. É sinal de que não houve tempo para fazer tudo aquilo a que nos tínhamos proposto. Mesmo assim, penso que foi um desempenho muito positivo, muito participado e em que houve, de facto, um envolvimento com as instituições. No fundo, fizemos aquilo que já era uma prática, ou seja, sair da União e ir aos concelhos. Demos várias voltas ao distrito, reunindo nos concelhos com as instituições. O distrito de Lisboa tem grandes assimetrias, mistura o ambiente rural, com o da grande cidade e com o das periferias da grande cidade, todos com características completamente diferentes. Depois, a propósito da saída de alguns diplomas legais, refletimo-los com as instituições em diversos encontros, procurando trazer para a discussão as questões mais complicadas e de maior atualidade. Em vários encontros abordámos questões de grande importância para as instituições. Em diversos momentos tivemos a participação de académicos e esta foi uma relação nova da UDIPSS, ou seja, a ligação à Academia, com diversos institutos, como o ISCTE, a Universidade Católica e o ISEG, entre outros, porque é importante trazer o pensamento académico para as instituições. Quisemos ver a perspetiva dos municípios e chamámos alguns presidentes de Câmara, no sentido de saber e perceber a relação de proximidade dos municípios com as comunidades, tal como as IPSS, e que parcerias é necessário implementar. E ainda os desafios da Saúde e as boas práticas das instituições, os transportes, a habitação e os espaços públicos, porque as IPSS dão resposta do nascimento até à morte, portanto, dão resposta à vida e é importante que haja esta visão e esta participação para que todos os agentes percebam qual é o papel das instituições. Grosso modo foi um trabalho muito motivador, efetuado por uma excelente equipa e desenvolvido com muita garra e competência por todos os órgãos sociais e não apenas pela Direção. Aliás, a ideia que sempre quis transmitir é que funcionamos como uma equipa e não como órgãos diferentes, no sentido de envolver o grupo, algo que foi conseguido. Uma palavra também para o bom trabalho da equipa de assessores, que tem sido uma importante retaguarda de todo este trabalho.

E qual o projeto desta candidatura a novo mandato na UDIPSS Lisboa?
Há aqui uma linha de continuidade, porque houve muita coisa que não fizemos. Uma linha de continuidade com algumas nuances importantes. Com esta candidatura queremos ter um olhar mais intenso, mais atuante e competente e mais preocupado para algumas problemáticas que não têm tido a atenção devida, como a questão da Saúde, que é algo transversal a todas as respostas sociais, da infância aos idosos. Outra questão extremamente importante é a das minorias, dos imigrantes e dos migrantes, na qual as nossas instituições vão ser a retaguarda. E ainda a problemática da deficiência no seu todo e também as questões relacionadas com as crianças e jovens em risco. Tivemos o envolvimento dos ministérios da Saúde, da Educação e da Solidariedade no Protocolo de Cooperação, mas temos também que avançar para as questões da Justiça. Depois, vamos continuar a ter um enfoque muito especial na relação com as universidades, que queremos incrementar, por exemplo, na formação dos dirigentes e dos técnicos. Vamos fazer um trabalho de fundo que passa por conhecer em pormenor as IPSS nos seus mais diversos aspetos, para podermos habilitar quem representa a CNIS junto dos poderes públicos. Queremos desenvolver igualmente um trabalho com as autarquias e perceber como podemos trabalhar em parceria e não em concorrência. Falta cultura de parceria às nossas instituições e há que mudar paradigmas, para o que não basta estalar os dedos, é preciso trabalho e recolha de dados. É uma lista de continuidade, com enfoque nestas problemáticas que referi, procurando ter um trabalho mais minucioso, num quadro de relação que manteremos com a Confederação. Renovámos alguns elementos da lista, incluindo pessoas dos diversos concelhos e das diversas respostas sociais e agora vamos arregaçar as mangas e fazer o trabalho possível.

As instituições sentem a necessidade de ter uma UDIPSS ativa e presente para as ajudar a solucionar eventuais problemas?
Creio que sim. Apesar de participarem pouco, por exemplo, nas Assembleias Gerais, isso não significa que as instituições estejam desligadas da União Distrital, antes pelo contrário. Desde logo porque o número de IPSS filiadas tem crescido e o número de consultas que temos ao nível das assessorias é igualmente crescente. As instituições sentem que precisam desta retaguarda. Aliás, essa é a missão da União, ou seja, representar as instituições junto dos diversos poderes e organismos.

Após algum tempo de afastamento, a última eleição para os órgãos sociais da CNIS registou uma aproximação entre as diferentes Uniões Distritais do País, com uma candidatura una e de comunhão. Tem sido importante para a UDIPSS Lisboa, e também para a Confederação, a participação nos órgãos sociais da CNIS da qual esteva afastada nos últimos mandatos?
Claro que sim. Não é segredo e foi público que houve nos três anteriores mandatos algum distanciamento relativamente à Direção da CNIS. À guisa de retrospetiva, estes órgãos sociais quando foram eleitos tinham como um dos pontos do programa criar uma relação aberta e colaborante com a CNIS. Salvaguardando as diferenças e as diferentes opiniões relativamente às questões que podem surgir, era intenção termos com a CNIS uma atitude de diálogo, franco, aberto e colaborante, dizendo o que é preciso dizer e não concordando quando efetivamente não se concorda e que pretendíamos estar não numa atitude de antagonismo, mas numa atitude de frontalidade, colaborante e construtiva. E foi nesse quadro que começámos a dar os primeiros passos num relacionamento que vai crescendo. Esta separação de muitos anos deixa sempre sequelas. Eu próprio não sou homem de ressentimentos, mas as coisas devem ser ditas no momento certo e sem crispações… Foi isso que procurámos fazer e houve uma determinada altura em que quisemos também dizer ao padre Lino e à CNIS que queríamos ter um papel importante num quadro futuro da CNIS.

Com resultados práticos?
Sim, procurámos influenciar a organização do Conselho Geral, naquelas que são as competências desse órgão e fazer refletir um maior envolvimento das instituições. Ou seja, o Conselho Geral deve ser o reflexo daquele movimento que são as instituições de base, que se espelha na União Distrital e que, por essa via, se espelha num órgão mais de topo, que é o Conselho Geral. Desta forma a Confederação pode sentir-se mais robusta, porque tem uma maior ligação às bases e assim também possamos habilitar quem negoceia, que está mandatado e bem mandatado. Isto é, as realidades do País são muito diversas e há que habilitar quem negoceia essas mesmas realidades. Foi neste sentido que propus e depois se refletiu estatutariamente a alteração da composição e das atribuições do Conselho Geral, com a criação de uma Comissão Permanente. Foi neste quadro de colaboração que nos aproximámos e quisemos dizer que estamos disponíveis.

Isto estendeu-se à inclusão de alguns elementos na Direção da CNIS?
Sim, dois elementos que fazem parte da equipa foram para a Direção. Não tenho dúvidas que, quer com a doutora Maria João Quintela, quer com o doutor José Leirião, há aspetos que, com muito agrado, vemos serem aflorados na CNIS. As questões da Saúde têm neste momento um novo olhar da CNIS, porque há na equipa quem sabe da questão. O doutor Leirião tem efetivamente tratado das questões da Europa de forma muito aprofundada, porque temos que ter uma visão europeia das questões e não tínhamos até aqui. Creio que foram dois excelentes valores com que a União de Lisboa colabora e colaborará com a CNIS, porque entendemos que num quadro complicadíssimo que o País e as instituições ainda continuam a viver, nós temos que dar sinais de união. Nós que somos instituições de solidariedade precisamos de dar sinais de união, de coesão e de solidariedade entre nós. Obviamente, tendo pontos de vista divergentes…

Podemos dizer que é mais aquilo que vos une do que o que vos separa?
Claramente, aliás, o que nos pode eventualmente dividir são as perspetivas de abordagem a determinados aspetos, do ponto de vista técnico e normativo, mais do que propriamente de substância. São questões de pormenor, de abordagem e de metodologia. O balanço desta nova realidade é positivo, mas queremos sempre mais, porque as instituições vivem problemas complicados e elas querem vê-los resolvidos. Não temos dúvidas que a CNIS está empenhada em resolvê-los, mas os problemas têm que ver com a conjuntura, com a relação com os poderes públicos e não é fácil, mas se estivermos mais coesos torna a situação mais fácil.

Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)

 

Data de introdução: 2016-02-08



















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