PADRE JOSÉ MAIA

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Numa altura em que a Humanidade se sente agitada por ventos fortes de desigualdades gritantes e de atentados, em grande escala, à DIGNIDADE de milhões de cidadãos, permito-me recordar o artigo XXV da Declaração Universal dos Direitos do Homem: “ Todo o homem tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde e bem-estar, incluindo alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e serviços sociais indispensáveis, direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora do seu controle. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistências especiais. Todas as crianças, nascidas de matrimónio ou fora dele, têm direito a igual proteção social”.

Cá por este cantinho à beira mar plantado que importância se tem dado a esta DECLARAÇÃO?

Agora que o parlamento português dotou o Governo de instrumentos financeiros e condições de governabilidade sem sobressaltos, consubstanciados na aprovação do orçamento e programa de estabilidade, assiste-nos o direito de exigir que se cumpram promessas feitas em campanha eleitoral e não se continue a considerar que “quem é pobre tem vivido acima das suas possibilidades”, esquecendo que a causa principal de tanta pobreza e tantas desigualdades económicas e sociais são os “demasiados milhões de milhões de euros desviados para offshores” que engordam a ganância dos muito ricos!

O verdadeiro “tsunami de desumanidades” que tem abalado o mundo, em todos os continentes, deixando-nos cenas lancinantes de milhões de refugiados à busca de sobrevivência, confrontando-nos com milhões de crianças com fome, com milhões de desempregados sem pão para a mesa das suas famílias, reclama um clamor mundial que denuncie estes atentados aos DIREITOS HUMANOS.

Que os ventos de mudança do “maio 68” voltem a soprar sobre esta nossa Europa, fazendo-nos acordar para as INDIGNIDADES com que milhões de pessoas estão a ser tratadas!

Uma Europa que se diz civilizada não pode continuar a permitir que cresça e engorde, cada vez mais, um sistema financeiro em roda livre que, impune e despudoradamente, ousa desviar as poupanças de milhões de pobres e remediados para paraísos fiscais, “privatizando os lucros” para os repartir pelos acionistas e “nacionalizando os prejuízos”, fazendo-os recair sobre os cidadãos indefesos, contando com a beneplácito de governos que são fracos com os fortes!

Não há direito de permitir a quem já se governou na vida (legitimamente, é certo) que invoque o acesso aos “direitos adquiridos”, esquecendo-se de que, desta forma, está a negar às novas gerações o “direito a adquirir direitos”.

A classe política e a maioria parlamentar, que tanto zelo tem dedicado (e bem) à defesa dos direitos de “alguns=os que já acesso a todos os direitos sociais” não deveria prestar mais atenção aos desempregados (claro que não pagam as quotas aos sindicatos!) e àqueles que ficam eternamente em filas de espera em tudo quanto são oportunidades no acesso a elementares direitos económicos e sociais?

Seria bom que todos os líderes da União Europeia valorizassem mais a DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS na hora de apreciar e aprovar os orçamentos de cada país, assegurando que nunca permitirão que sejam os pobres a pagar as crises em que os ricos os meteram!

 

Pe. José Maia

 

Data de introdução: 2016-05-09



















editorial

NO CINQUENTENÁRIO DO 25 DE ABRIL

(...) Saudar Abril é reconhecer que há caminho a percorrer e seguir em frente: Um primeiro contributo será o da valorização da política e de quanto o serviço público dignifica o exercício da política e o...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Liberdade e Democracia
Dentro de breves dias celebraremos os 50 anos do 25 de Abril. Muitas serão as opiniões sobre a importância desta efeméride. Uns considerarão que nenhum benefício...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Novo governo: boas e más notícias para a economia social
O Governo que acaba de tomar posse tem a sua investidura garantida pela promessa do PS de não apresentar nem viabilizar qualquer moção de rejeição do seu programa.