A Paixão de Cristo

Por Padre José Maia
maia@paroquia-areosa.pt

A opinião pública e muito especialmente a crítica do cinema acolheram com grande impacto mediático o filme A PAIXÃO DE CRISTO.
Que razões poderão justificar tamanha publicitação?
Naturalmente que o nome do seu autor, de renome mundial no mundo do cinema, terá pesado na mediatização do filme.
A quem conhece o percurso artístico deste génio da arte da imagem, terá chamado a atenção a circunstância de o mesmo actor ter interpretado papeis tão opostos em tão pouco espaço de tempo, associando o altamente profano ao
eminentemente religioso!
Num tempo em que o laicismo, o agnosticismo e o indiferentismo  inspiram a cultura dominante, relegando o religioso para o domínio do privado e apregoando a morte de Deus, não deixa de constituir uma surpresa o facto de um actor afamado ter ousado produzir um filme de temática explicitamente religiosa, assumindo o risco de bilheteiras vazias e de uma condenação implacável dos críticos de cinema.
Este risco, pelo que se sabe, apenas tem uma explicação no facto de este homem da arte se ter confessado um crente impressionado pela incompreensível violência que os acusadores e algozes de Jesus Cristo usaram na forma de o julgar, condenar e matar!
No fim de contas, também ele se fez eco da mesma interrogação que Cristo formulou aos que maltratavam com aquela brutalidade, quando lhes perguntou: "afinal de contas, por que é que me condenais e maltratais?".
Dirigindo-se também a Deus, neste momento de solidão e profunda dor, Jesus perguntou: " Pai: afasta de mim este cálice".
Nós que por cá andamos a tentar perceber algumas das anomalias da nossa justiça, com prisões preventivas, com prisões domiciliárias, com presos bem amparados por bons advogados e outros que terão de se resignar à sua condição de pobres sem qualquer esperança de um bocadinho de alívio no seu sofrimento de detidos, este Homem Jesus poderá acabar por representar uma réstea de esperança!
Morreu por amor, morreu sem culpa, morreu de pé (mesmo que tenha sido numa cruz).
Curiosamente, de quem já viu o filme, os ecos são os mesmos: demasiada violência, muita gente de lágrimas no olho, perigo de agravamento do semitismo.
Cá por mim, que também o vi, espero que  a PAIXÃO DE CRISTO possa ser uma pedrada no charco da nossa imunidade ética, uma interpelação à nossa consciência humana.
Que temos feito para merecer o sangue e o sofrimento deste Homem?
Quando o davam por morto e bem enterrado, Ele ressuscitou. A Vida venceu a morte!
Uma Europa que se nega a incluir sequer a referência ao cristianismo num mísero preâmbulo da sua Constituição, não estará a usar de mais violência do que aquela que os carrascos ostentaram ao pé da Cruz em relação ao Cristo Senhor?
Será na morte de Deus que o Mundo espera a vida do Homem?

Solidariedade, Maio de 2004

 

Data de introdução: 2004-10-07



















editorial

SUSTENTABILIDADE

Quando o XXIV Governo Constitucional dá os primeiros passos, o Sector Social Solidário, que coopera com o Estado, deve retomar alguns dossiers. Um deles e que, certamente, se destaca, é o das condições de sustentabilidade que constituem o...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Agenda 2030 e as IPSS
Em Portugal é incomensurável a ação que as cerca de 5 mil Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) existentes, têm vindo a realizar.  As...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

A gratuitidade das creches entre o reforço do setor social e a privatização liberal
 A gratuitidade das creches do sistema de cooperação e das amas do Instituto de Segurança Social, assumida pela Lei Nº 2/2022, de 3 de janeiro, abriu um capítulo novo...