ESTUDO

Dor da mulher é mais ignorada e subvalorizada que a do homem

A dor das mulheres é subvalorizada em relação à dos homens, sendo considerada menos genuína e grave pelos profissionais de saúde, principalmente pelos profissionais do sexo masculino, segundo um estudo do ISCTE. O estudo, realizado a 205 estudantes de enfermagem e concluído no final do ano passado, mostra que a dor das pacientes do sexo feminino é julgada como menos genuína e a sua situação clínica considerada menos grave e urgente que a do homem.

"O projecto partiu de constatações de outros estudos que mostravam que as mulheres relatavam sentir mais dores que os homens e que a sua dor era mais vezes sub-diagnosticada que a dos homens", explicou à Lusa Sónia Bernardes, investigadora no Centro de Investigação e Intervenção Social no ISCTE e autora do estudo "Os enviesamentos de sexo nos julgamentos sobre dor lombálgica".

No entanto, só com este estudo se percebeu quais os factores que podem influenciar a apreciação da dor dos pacientes, nomeadamente em que medida o tipo de dor, a forma como o doente apresenta a sua dor e o sexo de quem julga influenciam a ocorrência de enviesamentos de sexo nos julgamentos.

A investigadora chegou à conclusão de que "a dor da paciente do sexo feminino é julgada como menos genuína e a sua situação clínica como menos grave e urgente que a do homem" em contextos de dor aguda e de curta duração ou na ausência de manifestações explícitas de ansiedade.

"Espera-se que as mulheres sejam mais expressivas e quando não apresentam sintomas de ansiedade e agem de forma controlada sem recorrer muito aos profissionais de saúde acabam por ser subvalorizadas", explicou Sónia Bernardes.

O estudo concluiu ainda que os estudantes de enfermagem do sexo masculino fazem mais enviesamentos de sexo nos julgamentos sobre a genuinidade da dor do que as estudantes do sexo feminino.

Perante estas conclusões, Sónia Bernardes sublinha que "as evidências mostram que embora as mulheres reportem sentir mais dores que os homens ao longo das suas vidas, as suas dores são frequentemente desvalorizadas, sub-diagnosticadas ou sub-tratadas comparativamente com as do sexo masculino".

Este estudo é um dos últimos da tese de doutoramento que começou há cerca de quatro anos e que deverá ser entregue ainda este verão. O estudo data de finais de 2007, foi realizado a 205 estudantes de enfermagem e está enquadrado num projecto de investigação mais amplo financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

29.04.2008

 

Data de introdução: 2008-04-30



















editorial

TRABALHO DIGNO E SALÁRIO JUSTO

O trabalho humano é o centro da questão social. Este assunto é inesgotável… (por Jorge Teixeira da Cunha)  

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

IPSS OU EMPRESAS SOCIAIS: uma reflexão que urge fazer
No atual cenário europeu, o conceito de empresa social tem vindo a ganhar relevância, impulsionado por uma crescente preocupação com a sustentabilidade e o impacto social.

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

A inatingível igualdade de género
A Presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) foi à Assembleia da República no dia 3 de outubro com uma má novidade. A Lusa noticiou[1] que...