MANUEL MELO, PRESIDENTE DA UDIPSS-AVEIRO

Não podemos nem devemos trabalhar de costas voltadas uns para os outros

Manuel Melo, fundador e presidente do Centro Social, Cultural e Recreativo de Carregosa, Oliveira de Azeméis, foi eleito e tomou posse, em 14 de Abril, como presidente da direcção da UDIPSS-Aveiro. Os novos corpos gerentes integram representantes de 15 instituições do distrito. A actual direcção propõe-se dar continuidade ao programa definido pela direcção anterior, liderada por Lacerda Pais, que assumiu, entretanto, o cargo de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro.

Solidariedade – Quantas IPSS há no Distrito de Aveiro e quantas estão filiadas na União Distrital?
Manuel Melo
– No Distrito de Aveiro há 217 IPSS, 117 das quais estão filiadas na UDIPSS. Mas destas, pouco mais de cinco por cento é que participam nas assembleias e encontros promovidos pela União.

Solidariedade – Isso significa que a nova direcção vai tentar sensibilizar os dirigentes para a necessidade de participarem mais e com mais regularidade nessas assembleias e encontros…
Manuel Melo – É verdade. Vamos continuar a alertá-los para que comecem a participar mais e com mais interesse, porque achamos que as assembleias, encontros e outras reuniões proporcionam uma partilha de ideias, dando e recebendo, uns dos outros, informações e sugestões.

Solidariedade – Mas as IPSS recorrem à União, com regularidade?
Manuel Melo
– Sim… recorrem com frequência. Vêm aqui pôr questões e procurar respostas de âmbito muito geral: jurídico e laboral, mas também ligadas à Segurança Social. Os dirigentes são atendidos pela nossa advogada e pela nossa funcionária. Vêm pessoalmente e até telefonam bastante. A sede da UDIPSS é hoje uma casa com muita gente e com vida. É sempre uma casa cheia, o que contrasta com as assembleias e outros encontros.

Solidariedade – Acha que o Distrito de Aveiro tem uma boa cobertura social?
Manuel Melo
– Penso que sim. E também penso que as respostas sociais têm sido as adequadas aos tempos em que as instituições surgiram. Mas, na minha opinião, há outras valências que poderiam ser criadas, em especial, para responder a pessoas com deficiência. Nesta área, julgo que o distrito precisa de mais, muito embora reconheça que as instituições que existem para este sector fazem um excelente trabalho.

Solidariedade – E o que é que a UDIPSS poderá fazer nesse sentido?
Manuel Melo
– Poderá, a meu ver, estimular e apoiar as IPSS, para que avancem com essas respostas sociais, criando valências em falta. E também apoiaremos as pessoas que se disponham a avançar com novas instituições.

Solidariedade – O que sobressai no Plano de Actividade da direcção a que preside?
Manuel Melo
– Em princípio, o Plano de Actividades que vamos adoptar será o que foi aprovado pela direcção liderada pelo Dr. Lacerda Pais, uma vez que ele saiu para provedor da Misericórdia de Aveiro, sem concluir o mandato. Assim, e para além de outras acções a aprovar pela actual direcção, continuaremos a manter o serviço de apoio jurídico com a colaboração da nossa advogada. As acções de formação para a qualificação dos recursos humanos, dirigentes e técnicos, vão prosseguir, em parceria com a UDIPSS-Porto e com a Universidade Católica Portuguesa. Também iremos agendar encontros com as instituições, e tudo faremos para que problemas e questões que possam interferir com a vida das IPSS sejam apresentados na Comissão de Avaliação e Acompanhamento. Ainda desejamos colaborar com a CNIS em todas as tarefas que nos forem confiadas.

Solidariedade – São grandes desafios que têm pela frente. Mas quais são as grandes preocupações?
Manuel Melo
– As grandes preocupações têm a ver com a formação dos funcionários e dirigentes das IPSS, que queremos desenvolver mais, se conseguirmos apoios económicos e outros. Lembro que a UDIPSS-Aveiro está a viver com muitas dificuldades económicas, o que é para nós a maior e mais preocupante preocupação. Mas penso que a CNIS poderá ajudar-nos a encontrar soluções para esta situação, até porque apenas dependemos da quotização das instituições.

Solidariedade – O que pensa sobre a renovação dos quadros dirigentes, onde não há muita gente jovem?
Manuel Melo
– Penso que os actuais dirigentes das IPSS deviam começar a atrair jovens para o trabalho voluntário nas instituições. Iniciando-os neste trabalho, os jovens poderão criar gosto pela solidariedade e depois, quem sabe?, poderão assumir responsabilidades nas direcções das IPSS.

Solidariedade – Como viu a sugestão do Presidente da República para que as IPSS e outras instituições, estatais ou privadas, implementem políticas e acções de inclusão?
Manuel Melo
– Em resposta ao Presidente da República, posso garantir que essas têm sido as acções e as políticas das IPSS. As instituições têm estado atentas aos marginalizados, aos excluídos, aos que vivem em solidão e aos pobres. Mas a verdade é que nem sempre recebemos os apoios do Estado e das autarquias à altura das muitas necessidades. A promoção dos marginalizados e dos esquecidos tem de merecer uma atenção muito especial de todos, a começar pelas IPSS.

Solidariedade – A nível do distrito, como está o trabalho em rede, peça fundamental para uma solidariedade mais responsável?
Manuel Melo
– Pelo que conheço, os CLAS (Conselho Local de Acção Social) desenvolvem trabalhos de cooperação entre as diversas instituições dos concelhos, para se evitarem respostas em duplicado e para procurarem soluções para os problemas existentes nas freguesias. Claro que haverá alguns que precisam de ser dinamizados, porque já não podemos nem devemos trabalhar de costas voltadas uns para os outros.

Solidariedade – O que espera, concretamente, da CNIS?
Manuel Melo
– Espero que continue a ajudar as Uniões e as IPSS, estimulando-as a criarem novos projectos e novas valências. Gostaria que a CNIS promovesse espaços de formação nas áreas das Uniões, sendo elas co-responsáveis pelos projectos a desenvolver. Ainda gostaria que a CNIS descobrisse formas de ajudar as UDIPSS, porque elas não vivem, a nível económico, num mar-de-rosas.

 

Data de introdução: 2007-05-04



















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