POBREZA EXTREMA

Só “existe” quando incomoda a sociedade

Há uma "demissão da sociedade" face à extrema exclusão, que só é quebrada pontualmente "quando essas situações geram insegurança". Normalmente as pessoas manifestam preocupação por esses fenómenos quando sentem algum tipo de ameaça. “Estão preocupadas com a sua insegurança e não com a existência de sem-abrigo ou toxicodependentes", frisou Sérgio Aires, um dos responsáveis do projecto In Extremis, que apresentou uma avaliação no Porto.

Os responsáveis pelo projecto In Extremis, de combate à pobreza extrema, apontaram o dedo aos Estados europeus que dizem estão a contribuir para o agravamento da exclusão social. "Nenhum ministério pode produzir orientações sem medir antes se elas podem gerar fenómenos de exclusão social. Mas a verdade é que só a Irlanda cumpre esta orientação europeia", afirmou Sérgio Aires, que representa no projecto a secção portuguesa da Rede Europeia Anti-Pobreza.

Envolvendo uma centena de organizações não governamentais (ONG) em Lisboa, Porto e Coimbra, o In Extremis desenvolve-se há dois anos, centrando-se ainda no diagnóstico das situações. Volta-se para toxicodependentes, sem abrigo, imigrantes e prostitutas, grupos "que estão para lá das respostas sociais" anteriormente existentes.

A investigação desenvolvida no terreno pelas ONG envolvidas no In Extremis permitiu concluir que estas situações de extrema pobreza mudam quase diariamente e que, em muitos casos, as mesmas pessoas concentram em si os quatro fenómenos.
Concluiu-se também que não há competências específicas para intervir nestes fenómenos, pelo que o In Extremis vai pedir às universidades que ponham os seus formandos na área social em contacto com a realidade.

23 de Setembro de 2004

 

Data de introdução: 2004-10-21



















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