EDUCAÇÃO

Estudo procura identificar o perfil do aluno faltoso

Um estudo sobre o absentismo escolar baseado numa amostra de 557 alunos faltosos do 1º ciclo ao secundário revelou que um em cada três fuma e que a grande maioria não consome drogas ou álcool. Do 1º ciclo ao secundário, um em cada seis destes 557 alunos (17 por cento) consumia álcool, pelo menos um em três fumava (37,8 por cento) enquanto apenas 6,6 por cento usava drogas ilícitas.

Assim, o estudo conclui que a maior incidência de hábitos de consumos de substâncias - como tabaco, álcool e drogas - ocorre nos alunos absentistas dos segundo e terceiro ciclos de escolaridade, ou seja, quando em média têm entre 10 e 15 anos.

Desenvolvido por investigadores da Universidade Autónoma de Lisboa, o trabalho sobre o absentismo escolar em Portugal insere-se no projecto europeu Agis. Este projecto europeu visa estimular a cooperação entre países no domínio da redução da criminalidade, envolve seis países, Portugal, Espanha, Estónia, Inglaterra, Itália e Suécia, e foi apresentado num seminário em Lisboa.

A equipa portuguesa desenvolveu um estudo sobre o absentismo e o abandono escolar em Portugal, em colaboração com o centro de formação do concelho do Fundão, com vista a fazer um "perfil" do aluno que falta às aulas.

Para a elaboração do trabalho, a equipa portuguesa, liderada por Célia Sales do Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa, convidou as escolas portuguesas a preencher até 15 de Junho de 2005 um questionário confidencial sobre o
absentismo dos seus alunos.

Responderam à chamada 78 estabelecimentos de ensino do 1º ciclo ao ensino secundário, dos distritos de Aveiro, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Faro, Porto, Santarém, Setúbal, Leiria, Lisboa e Viseu.

Nestas escolas, 272 professores directores de turma referenciaram 557 alunos absentistas ou em situação de abandono, constituindo estes a amostra que dá sustentação ao estudo a divulgar
no seminário.

Aos directores de turma foi pedido, por exemplo, que identificassem os alunos que faltaram às aulas durante o ano lectivo 2004/2005, os casos que os preocupavam e ainda os alunos cujas faltas eram de tal forma preocupantes que poderiam prejudicar sua vida pessoal e educativa.

Para perceber em que momento escolar o absentismo é mais acentuado, o questionário foi aplicado aos alunos do 1º ao 12 º ano e permitiu aferir, por exemplo, que nesta amostra o maior número de estudantes absentistas encontra-se no 3º ciclo de escolaridade (42,3 por cento), seguindo-se o 2º ciclo com 33,5 por cento de casos e o 1º ciclo com 19,2 por cento.

Segundo a investigação, ao nível do 1º ciclo de escolaridade não existe qualquer registo de consumo de drogas. Contudo, 2,6 por cento dos alunos absentistas neste nível de escolaridade consome álcool e 11,5 por cento fuma.

No 2º ciclo de escolaridade, já surgem 11 por cento de casos de consumo de drogas, 19,6 por cento de álcool e 47,5 por cento de tabaco.

Ainda segundo o estudo, no 3º ciclo de escolaridade, o consumo de drogas desce para 6,3 por cento, o de tabaco para 41,9 por cento, aumentando o de álcool para 21,5 por cento.

No ensino secundário, todos os valores descem: oito por cento de álcool, 3,8 por cento de drogas e 34,8 por cento de tabaco.

Ainda no que se refere ao perfil do aluno absentista, o estudo revela que sete por cento dos 557 alunos que em 2004/2005 faltaram às aulas já tinham sido identificados na esquadra por práticas
delinquentes, situações mais frequentes no 2º ciclo.

A identificação em esquadra deu-se devido a práticas delinquentes (pequenos roubos e destruição de equipamentos), porte de arma branca e tráfico de estupefacientes.

Muitos dos comportamentos desviantes ou delinquentes são em Portugal detectados pelo projecto Escola Segura, implementado em 1996 por portaria conjunta dos Ministérios da Administração Interna e da Educação e que envolve a PSP e a GNR, que fazem o patrulhamento das áreas escolares, prevenindo e dando conta das ocorrências.

Dados do projecto na área da escola segura da PSP dá conta que a criminalidade desceu 11 por cento no ano lectivo 2004/05 em relação ao ano lectivo anterior (menos 313 ocorrências), invertendo uma tendência de aumento sustentado da criminalidade nas áreas escolares desde 2001.

Segundo a polícia, durante o ano lectivo de 2004/2005 registaram-se 2.518 crimes na área das 2.841 escolas portuguesas, frequentadas por mais de 900 mil alunos, vigiadas pelos agentes da PSP do Programa Escola Segura.

Pelo impacto que estes ilícitos criminais têm no sentimento subjectivo de insegurança entre as comunidades escolares, salientam-se o decréscimo registado nos roubos (-11,5 por cento) e nos furtos (- 6,1) de que são vítimas os alunos, professores ou os auxiliares de acção educativa, bem como nas ofensas sexuais (-31,1), nos danos (- 29), nas injúrias e ameaças (-14,2) e nas ofensas à integridade física (- 2,9 por cento). Trinta e cinco por cento dos delitos registados nas áreas escolares patrulhadas pela PSP foram furtos.

O estudo foi apresentado num seminário europeu sobre absentismo escolar e intervenção em rede que reúne em Portugal os restantes parceiros do projecto Agis.

07.05.2006

 

Data de introdução: 2006-05-06



















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