E ao quinto dia, a Chama da Solidariedade chegou a Portalegre, depois de ter percorrido os outros 14 concelhos do distrito do Alto Alentejo, para iluminar a 16ª edição do evento que celebra o espírito solidário das IPSS portuguesas.
A XVI Festa da Solidariedade reuniu em Portalegre não só muitos representantes de diversas instituições do distrito, entre utentes, dirigentes e trabalhadores, mas também muitas das entidades oficiais da cidade, tal como vários autarcas, dirigentes da CNIS e ainda a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, que acabou por ser a estrela da animação da Festa ao juntar-se em palco ao Grupo de Cante Os Lagóias para com ele entoar uma canção.
Mas antes da parte de animação musical, foi tempo do momento mais institucional da Festa da Solidariedade, com as intervenções de diversos atores do Sector Social Solidário presentes.
“A viagem da Chama pelos 15 concelhos do distrito de Portalegre foram dias de alegria, amor e reflexão, agora é tempo de união”, começou por dizer João Carlos Laranjo, presidente da UDIPSS Portalegre, que acrescentou: “Esta é a festa de todos aqueles que lutam pelos outros, os mais desfavorecidos. E isto é possível porque somos muitos os que acreditamos”.
Para João Carlos Laranjo, “as justificadas reivindicações das IPSS serão ouvidas”, rematando: “Temos de agir mantendo a Chama do nosso espírito solidário acesa”.
Por seu turno, o presidente da CNIS, depois de agradecer a presença de todos, em especial da ministra Ana Mendes Godinho e dos autarcas do distrito e ainda ao vice-presidente da CNIS, Eleutério Alves, “pelo empenho que sempre coloca na realização da Festa da Solidariedade”, citou o Papa Francisco: “Todos, todos, todos estamos interessados no mesmo, o bem das pessoas”.
De seguida, o padre Lino maia referiu alguns dos desafios que as IPSS e os demais agentes da solidariedade social têm pela frente.
“As IPSS têm de cumprir a sua missão, que é cuidar dos mais desfavorecidos, mas alguns constrangimentos podem levar os dirigentes por outras vias, mas assim as instituições perdem a sua razão de ser”, alertou, referindo-se de seguida aos trabalhadores: “Os nossos trabalhadores precisam que se encontre uma forma de compensar melhor o seu esforço, porque é, especialmente, duro o trabalho com idosos e deficientes. Depois, substitui-los também não é fácil, porque vai escasseando a mão-de-obra e as instituições precisam de gente jovem”.
“A razão de ser das instituições são os utentes. O ideal era que não precisássemos das IPSS, mas, infelizmente, não é assim, por isso temos que vencer os constrangimentos”, afirmou o padre Lino Maia, que deixou o desafio para que os utentes sejam mais envolvidos na vida das instituições: “Para além do trabalho das IPSS, Estado e autarquias, os utentes têm de ser agentes ativos nas nossas instituições. Os utentes têm de ser pessoas interessadas na vida das instituições”.
Depois da “gratidão e envolvimento”, o líder da CNIS quis deixar uma “palavra de confiança”: “Nas instituições não há desistentes, há resilientes muito empenhados na resolução dos problemas”.
Por seu lado a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social começou a sua intervenção pedindo “uma salva de palmas para as 300 mil pessoas que trabalham nas instituições, que mantêm viva esta Chama da Solidariedade”.
Referindo-se à proposta de Orçamento do Estado para 2024, que foi entregue na passada semana na Assembleia da República, Ana Mendes Godinho disse que o documento “é de orgulho coletivo, pois é o maior orçamento estrutural e permanente para a área social”, lembrando ainda os já protocolizados “dois mil milhões de euros para o Sector Social Solidário”.
“Este é um trabalho permanente e de proximidade entre nós todos”, referindo-se ao Governo, IPSS e autarquias, apontando três ensinamentos que os últimos anos têm dado a todos: “A primeira lição é de que temos de trabalhar em parceria; a segunda, é que podemos fazer melhor do que fazíamos; e, a terceira, é que os apoios sociais são essenciais para ajudar as pessoas”.
Nesse sentido, a governante revelou que no próximo dia 17, “vai ser apresentado o plano de ação para o período 2022-2025 da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza, não avançando pormenores: “No dia 17 é que será mesmo apresentado e nesse dia será divulgado exatamente o que consta do plano até 2025, seja o detalhe das várias medidas, muitas das medidas, aliás, são medidas que já iniciaram em 2022”.
Depois, a ministra ainda enumerou alguns dos próximos avisos a serem lançados, como o SAD 4.0, a reabilitação de casas para que as pessoas não tenham que ser institucionalizadas ou ainda o de abertura de vagas para respostas inovadoras para os desafios que enfrentamos com a terceira idade, rematando a sua intervenção com um “conto muito convosco”.
Finda a sessão institucional, o calor solidário da Chama gerou festa e animação, no auditório da Câmara Municipal de Portalegre, com a atuação do grupo de dança do Centro de Educação Especial, da Santa Casa da Misericórdia de Bragança, pelo Grupo de Cante Os Lagóias e ainda o conjunto Verde Maio.
E foi, como já referido, durante a atuação d’Os Lagóias que a Festa ficou mais animada, quando a ministra Ana Mendes Godinho se juntou ao grupo para cantar um tema.
Houve ainda um momento final de solidariedade, quando a marcha «Vencer o cancro da mama, Prevenir para viver» integrou a Festa, com a ministra a vestir a camisola rosa, solidarizando-se com o movimento promovido pela Liga Portuguesa de Luta Contra o Cancro.
A XVI Festa e Chama da Solidariedade agitou o distrito de Portalegre, tendo congregado as forças solidárias de todos os 15 concelhos, na sua esmagadora maioria sempre muito participada, tal como no seu epílogo no interior do auditório da autarquia portalegrense.
Para o ano há mais… num distrito perto de si.
Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)
Não há inqueritos válidos.