VIOLÊNCIA SOBRE A MULHER

Portugal regista 454 assassinatos em 12 anos

Mais de 450 mulheres foram assassinadas em Portugal nos últimos 12 anos e 526 foram vítimas de tentativa de homicídio, a grande maioria por parte de homens com quem viviam uma relação de intimidade, segundo dados agora divulgados. Os dados são do Observatório das Mulheres Assassinadas, da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que analisou os homicídios e tentativas de homicídio desde 2004, ano em que foi criado, e registou 454 assassinatos nesse período.
“Verificamos que se mantém a tendência de maior vitimização das mulheres às mãos daqueles com quem ainda mantinham uma relação, fosse ela de casamento, união de facto, namoro ou outro tipo relação de intimidade (277), seguido pelo grupo dos ex-maridos, ex-companheiros e ex-namorados (101)”, refere o estudo do Observatório.
De facto, em 83% dos crimes “a relação entre a vítima e o homicida era uma relação de intimidade presente ou pretérita”, sustenta o relatório, divulgado hoje, véspera de se assinalar o Dia Internacional para a Eliminação da Violência sobre a Mulher.
Ao comparar os diversos anos desde 2004, o Observatório constatou que “o grupo etário mais vitimizado pelo feminicídio por violência de género é o das mulheres com idades superiores a 50 anos”, totalizando 166 vítimas, seguido das mulheres com idades entre os 36 e os 50 anos (133).
A idade do homicida segue o mesmo padrão da vítima: 155 tinham mais de 50 anos e 136 entre os 36 e os 50 anos.
Analisando os meses onde ocorreram mais homicídios, a UMAR concluiu que deixou de incidir, em particular, nos meses de verão, pese embora seja ainda nestes meses que, em termos absolutos, se registe o maior número de crimes.
“Não obstante, e em termos relativos, verifica-se uma dispersão da ocorrência do crime por quase todos os meses do ano, num total de 454 mulheres assassinadas entre 2004 e 20 de novembro de 2016”, lê-se no relatório.
Os distritos de Lisboa (98), Porto (64) e Setúbal (46) “continuam a assumir taxas de incidência preocupantes”, totalizando 208 crimes (45,8%).
O distrito de Évora é o que apresenta a taxa mais baixa de ocorrência de homicídios, equivalendo a 0,88% do total dos crimes registados. Os distritos da Guarda, Portalegre e Viana são também distritos com taxas de incidência baixas: 1,1%, 1,3% e 1,5%, respetivamente.
O Observatório verificou que 2016 foi o ano em que se registou o menor número de tentativas de homicídio, perfazendo uma média de dois crimes na forma tentada por mês em Portugal, quando a média registada nos anos anteriores era de três crimes por mês.
No total, 526 mulheres foram “alvo desta forma extremada de violência”.
“Ainda que os atos não tenham sido fatais, a severidade registada nestas agressões permite-nos antecipar as sequelas a nível psíquico e físico que poderão perpetuar-se por toda a sua vida”, sublinha a UMAR.

 

Data de introdução: 2016-11-24



















editorial

VIVÊNCIAS DA SEXUALIDADE, AFETOS E RELAÇÕES DE INTIMIDADE

As questões da sexualidade e das relações de intimidade das pessoas mais velhas nas instituições são complexas, multidimensionais e apresentam desafios para os utentes, para as instituições, para os trabalhadores e para as...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Orçamento Geral do Estado – Alguns pressupostos morais
Na agenda política do nosso país, nas últimas semanas, para além dos problemas com acesso a cuidados urgentes de saúde, muito se tem falado da elaboração do...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

O estatuto de cuidador informal necessita de ser revisto
Os cuidadores informais com estatuto reconhecido eram menos de 15 000 em julho, segundo os dados do Instituto de Segurança Social[1]. Destes, 61% eram considerados cuidadores principais e apenas 58%...