ELEIÇÕES DA CNIS

Vitória do consenso e da solidariedade

Fátima. Seminário do Divino Verbo. 31 de janeiro de 2015. Uma eleição, uma lista. Resultado: Unidade, mas sem unanimismo. Foi assim mais um ato eleitoral na CNIS, desta feita em ambiente de grande serenidade e espírito de consenso, e que elegeu o padre Lino Maia para um quarto mandato à frente dos destinos da Confederação, agora, por força da nova legislação, de quatro anos.
“Fomos eleitos não para reinar, mas para servir”, disse, logo na abertura do discurso de tomada de posse, o reeleito presidente da CNIS.
A lista única candidata aos órgãos sociais da CNIS recolheu 229 votos dos 253 expressos nas urnas, enquanto 17 instituições votaram contra e outras seis se abstiveram, tendo sido ainda contabilizado um voto nulo.
“Lista única, tudo é pacífico, pelo que mais do que abstenção vejo isto como concordância”, começou por comentar a presidente da Mesa da Assembleia Geral, Manuela Mendonça, também ela reeleita para o cargo, sublinhando ainda: “E se a lista única tira graça às eleições, porque é interessantíssimo o debate, prova que as pessoas estão na solidariedade… por fora e por dentro. E o facto de haver apenas uma lista dá mais força à CNIS”.
Este ponto foi, aliás, o primeiro aspeto focado pelo presidente da CNIS no primeiro discurso do novo mandato. Congratulando-se por, “desta vez”, ter sido “possível consensualizar a ideia de que era importante que houvesse uma só candidatura”, pois “não seria bom para ninguém que houvesse disputas e querelas”, o padre Lino Maia deixou claro o compromisso que assume com a sua equipa para os próximos quatro anos: “Todos quantos tomamos agora posse temos a responsabilidade de liderança e do serviço de comunhão para que, dando uma imagem consistente de unidade, de consenso, de harmonia, corporizemos uma vontade reforçada de participação de todos, fazendo confluir num concerto harmonioso, visando o bem comum, as principais vozes que têm marcado, nos últimos anos, o discurso de representação do Setor Solidário”.
Lembrando que, para as IPSS, “os bens são bem quando estão ao serviço do bem da pessoa toda e do maior número possível de pessoas, sem que ninguém fique para trás”, o presidente da CNIS usou palavras como inovação, qualidade, capacitação, estratégia e sustentabilidade para chamar a atenção para “os desafios cada vez mais complexos com que se confrontam as IPSS”.
A fechar, e na presença do ministro da Solidariedade, do Emprego e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, e do secretário de Estado da Segurança Social, Agostinho Branquinho, entre muitos representantes de IPSS de todo o País, o (re)mandatado líder da CNIS deixou uma mensagem para o Governo, a propósito do serviço que as instituições prestam às populações, em especial às mais necessitadas.
“Quando (ou sempre que) as instituições de solidariedade promovem direitos sociais, privilegiando os mais carenciados, que não são os próprios promotores, estão a prestar serviço público, enquanto geram bens públicos”, frisou, rematando: “Por isso mesmo, o regime fiscal a que estão sujeitas tem de ser bem diferente do regime do setor lucrativo. O estabelecimento de um enquadramento legal com uma Lei de Bases da Cooperação deverá ser o próximo passo”.
E se as primeiras palavras do novo mandato foram para agradecer a Mário Dias, mandatário da candidatura e presidente do Conselho Fiscal cessante, e “a todos os que trabalharam para haver uma lista de união”, destacando o papel de José Carlos Batalha e da UDIPSS de Lisboa, o padre Lino Maia terminou dizendo “contar com todos”, ideia estendida ao Governo: “Contamos consigo, senhor ministro, como sempre o fizemos. Sempre o tivemos connosco, com as IPSS e com as causas nobres”.
Na cerimónia de tomada de posse dos novos órgãos sociais da CNIS para o quadriénio 2015/2018 tomou ainda da palavra o ministro Pedro Mota Soares, que recordou a parceria que a CNIS tem mantido com o Governo e ainda algumas das medidas que foram adotadas pelo Executivo em prol do Setor Solidário, como as Linhas de Crédito ou os novos Acordos de Cooperação contratualizados (cerca de 300). O governante aproveitou ainda para recordar o momento histórico para a ação social em Portugal que foi a recente assinatura do Compromisso de Cooperação 2015/2016, estabelecido entre as três organizações representativas do Setor Social e Solidário e do lado do Estado, pela primeira vez, pelos ministérios da Saúde e da Educação e Ciência, para além do que o próprio tutela.
Perante um auditório do Seminário do Divino Verbo, em Fátima, cheio, Manuela Mendonça deu posse ao padre Lino Maia e restantes membros dos órgãos sociais eleitos.

DOIS RETORNOS

Para o novo quadriénio há seis elementos que não vêm dos órgãos sociais anteriores, sendo que dois deles são regressos.
Assim, o novel presidente do Conselho Fiscal Carlos Lacerda Pais, que é um desses retornos, diz-se aberto a colaborar, razão pela qual aceitou o convite.
“Esta é minha segunda participação, pois já fiz parte de um Conselho Fiscal na, então, UIPSS, e conforme transmiti ao padre Lino Maia é com o pensamento único de colaborar”, referiu, ao SOLIDARIEDADE, acrescentando: “Apesar da minha idade, acho que ainda estou em condições de apresentar os meus conhecimentos de 40 anos de atividade nas instituições e quase 50 anos de experiência em empresas e colaborar o máximo para que as instituições lucrem com a minha boa vontade”.
O outro regresso é o de José Custódio Leirião, o novo secretário da Direção, que olha para este mandato com “uma responsabilidade redobrada” e um “desafio”, que é, “em conjunto com os nossos parceiros, tentarmos arranjar respostas que minimizem as privações que grande parte das pessoas passam”.
A estes dois regressos junta-se o de mais quatro entradas para a Direção.
Da região de Lisboa, Maria João Quintela congratula-se pela presença, sublinhando “a abertura que os corpos dirigentes demonstraram à entrada de novos dirigentes que pretendem também dar o seu contributo para a melhoria, que todos queremos, da prestação das instituições e para a sua imagem perante a opinião pública e como parceiros sociais”, considerando ser “um desafio” que a “enche de muita motivação”.
Do Minho chega à Direção Maria da Conceição Marques que aceitou o convite “na perspetiva de ser útil e explorar um bocadinho mais” uma área na qual está há cerca de três décadas.
Do Algarve emerge o bem conhecido José Macário Coreia, antigo governante e edil, que pretende, “nestes quatro anos, em equipa, encontrar soluções para problemas comuns, ter uma boa relação de cooperação com as instituições do Estado e encontrar nos privados a responsabilidade social adequada ao impulso que têm que nos dar para partilharem connosco também um pouco daquilo que é o resultado da sua ação e terem o sentido de que o que fazemos, em termos sociais, é importante para todos e que se crie aqui um espírito de entreajuda que melhore a qualidade de vida, diminua o sofrimento e acabe com a miséria crónica e melhore a vida de todos”.
Por fim, o padre José Baptista, presidente da UDIPSS Porto, que se diz disponível para servir. “Estarei na disposição, com a demais Direção, de realizar o que bem esperam de mim, não sei se ao nível da Inovação, se ao nível das Uniões, mas as minhas expectativas são apenas a de estar ao serviço”.

UNIDADE

«A Força da Comunhão» era o lema da única lista candidata aos órgãos sociais da CNIS. O consenso alcançado em torno de quem vai dirigir a CNIS nos próximos quatro anos, sendo que há 12 anos que não concorria apenas a lista institucional às eleições da CNIS, foi saudado por todos os novos elementos, aliás como, o padre Lino Maia já havia feito em todas as suas intervenções ao longo do dia do Congresso Eleitoral.
“O confronto que houve nas três anteriores votações esvaiu-se totalmente, porque quem podia estar a desenvolver algumas ideias contrárias àquelas que têm estado a ser apresentadas pelas Direções do padre Maia teve oportunidade de o fazer, mas não o fez”, começou por dizer Lacerda Pais, acrescentando: “Depois destes anos todos, toda a gente sabe quais são as minhas linhas de pensamento, exprimi-as cara a cara a todos os dirigentes e, portanto, estou absolutamente à vontade para trabalhar”.
Por seu turno, Maria João Quintela congratula-se “por haver esta lista de comunhão, que penso ter um aspeto pedagógico social muito importante e que pode ser a renovação de uma liderança positiva para os tempos modernos”.
Também José Custódio Leirião vê com bons olhos a unidade em torno da liderança do padre Lino Maia, porque “o setor solidário tem que dar uma imagem de grande coesão, tem que organizar consensos e não pode estar em guerrilhas que não aproveitam a ninguém e muito penaliza as pessoas que precisam de respostas”, no que é acompanhado pelo padre Baptista: “Ao fim destes mandatos, haver uma certa unidade para planificar num tempo, que é o nosso e é difícil, politicamente e socialmente falando, esta unidade pode ajudar as IPSS a estarem mais voltadas, não para as lutas de quem estará mais ao serviço da CNIS, mas para estarmos mais unidos e reunidos em resolver os problemas das nossas instituições e, sobretudo, neste momento de crise, na ajuda maior e mais serena aos utentes das nossas instituições”.
Para Macário Correia, a lista única “é sinal de consenso e de unidade”, o que “é bom, porque lhe dá uma força transversal, um espírito de comunhão que faz a força e que será muito representativa das instituições” nos desafios futuros, enquanto para Maria da Conceição Marques isto é sinal de “estabilidade”, em que “as instituições entenderam que estão bem representadas”.
No entender da presidente da Mesa da Assembleia Geral, “concluiu-se, mais uma vez, o destino desta gente que com um esforço muito grande veio de toda a parte do País, para estar connosco e, no fundo, para dizer que vale a pena a CNIS, que vale a pena haver uma Confederação”.
Para Manuela Mendonça, “o Governo não é a nossa tutela, mas a verdade é que a existência de uma entidade, que é a CNIS, que consiga fazer um traço de união entre os que mandam, pois no fundo são eles, e os que no terreno têm a opção de vida que é estar na solidariedade, é fundamental”.

ÓRGÃOS SOCIAIS 2015/2018

Mesa da Assembleia Geral

Presidente - Manuela Mendonça (Secretariado Diocesano de Lisboa da Obra Nacional Pastoral dos Ciganos)
Vice-presidente - Jaime Ramos (Fundação ADFP)
Secretários - José Casaleiro (APAC), Maria José Gamboa (Associação de Protecção à Infância Bispo D. António Barroso), Nuno Rodrigues (Apeadeiro – Associação de Tratamento de Doenças de Adição)

Direção

Presidente - Lino Maia (Centro Social de S. Martinho de Aldoar)
Presidente-Adjunto - João Dias (APPACDM Lisboa)
Secretário - José Custódio Leirião (Centro Social Paroquial da Azambuja)
Tesoureiro - Eleutério Alves (Santa Casa da Misericórdia de Bragança)
Vogais - José Macário Correia (Fundação Irene Rolo), Maria de Lurdes Pombo (APPADCM Castelo Branco), Maria João Quintela (Associação Portuguesa de Psicogerontologia), José Baptista (Centro Social das Antas) e Maria da Conceição Marques (Centro Sócio Cultural Desportivo Sande S. Clemente)

Conselho Fiscal

Presidente - Carlos Lacerda Pais (Centro Comunitário da Vera Cruz)
1º Vogal - Eduardo Mourinha (União Distrital das IPSS de Santarém)
2º Vogal - Maria do Céu Coelho (Centro Social e Paroquial da Graça)

Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)

 

Data de introdução: 2015-02-05



















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