NA ZONA HISTÓRICA DO PORTO

CNIS tem nova sede nacional

A entrada para a nova sede da CNIS faz-se pela rua da Reboleira. É uma rua tipicamente do Porto. Da zona histórica do Porto: Estreita, granítica, com ares de burguesa desleixada, começa a atrair os novos negócios que satisfazem os turistas que por ali se perdem. De fora a fachada do número 47 deixa perceber dois pisos que nada antecipam e pouco revelam sobre o miolo.

Já dentro percebe-se que, afinal, o espaço é generoso. Não são dois os pisos mas três. Pelas vidraças da clarabóia moderna, fruto de adaptações do edifício, entra uma luz azul de fins de Abril.

O piso intermédio será aproveitado pela CNIS para os serviços administrativos.

Uma escada pouco convidativa leva-nos até ao topo onde o estilo decorativo se aproxima mais do passado histórico do antigo prédio. Quando se abre a porta do salão principal o que entra pelas duas generosas varandas é o Douro, são os barcos rabelos, é a ponte de D. Luís, é a Ribeira. A paisagem toma conta do salão e apaga quase todo o interior. Será preciso um período antes da ordem do dia para adaptação ao ambiente, a preceder as reuniões e as jornadas de trabalho previstas para ali. A ideia é que venha a albergar a sala da direcção e no mesmo piso superior fiquem também os gabinetes dos assessores.

Falta descer à cave que tem saída direta para um passeio fluvial empedrado e murado que é uma espécie de miradouro, na verdadeira acepção da palavra. Muitos turistas, de máquina fotográfica em riste, roubam as imagens que fazem do Porto uma cidade cobiçada. Mas, da cave importa dizer que será transformada num pequeno auditório para as necessidades da CNIS.

Até ao fim do mês de Maio a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade ficará por escritura na posse deste edifício da rua da Reboleira que funcionou nos últimos tempos como sede da Fundação para o Desenvolvimento da Zona Histórica do Porto (FDZHP). A mudança far-se-á durante o início do Verão.

O padre Lino Maia, presidente da CNIS, recorda e enaltece o comportamento ético da CNIS neste processo moroso, complexo, político e burocrático que levou a este desfecho. “Nós nunca reivindicámos nada e não pedimos favores. Limitámo-nos a cumprir o nosso papel de membro fundador até ao fim, facilitando sempre as soluções que, nos devidos momentos, melhor serviam a comunidade e a própria Fundação.”

A via sacra começou em 2007 quando foi decretada a extinção da FDZHP por falta de entendimento entre o Estado Central e a autarquia portuense quanto ao seu objectivo, funcionamento e financiamento. A CNIS, à data União das Instituições Particulares de Solidariedade Social, na qualidade de membro fundador, teve direito a participar na repartição do património da Fundação. A FDZHP, criada no início da década de 1990, com o fito de promover a recuperação urbana e a luta contra a pobreza, com ajuda dos parceiros locais e instituições, não conseguiu fórmulas de sustentabilidade que agradassem aos fundadores-financiadores, tendo terminado 17 anos depois.

A CNIS consegue, desta forma, uma sede na cidade onde nasceu. A aquisição do imóvel não envolve custos para a Confederação e representa de imediato a poupança de mil e duzentos euros mensais, o custo das rendas dos dois apartamentos que ocupa na Rua Júlio Dinis. Há, no entanto, uma contrapartida: o prédio tem que servir para sede ou serviços da sede da CNIS. Não sendo assim, a posse do edifício passará para a Câmara Municipal do Porto.

Em Assembleia Geral Extraordinária realizada em Fátima, o padre Lino Maia explicou que a aceitação deste edifício, “não é um veto de gaveta a decisões futuras” relativamente à localização da sede da CNIS. “As instituições associadas são soberanas na escolha do local da sede”, asseverou, prosseguindo: “Se no futuro a CNIS quisesse outras instalações, mantendo estas para sede ou serviços de sede, não há problema. E deixem-me dizer-vos que a CNIS pode funcionar com sede em qualquer lugar”. Os representantes das IPSS filiadas na CNIS aprovaram a proposta da Direcção para aceitação deste edifício na zona histórica e ribeirinha do Porto. Na altura, o padre Lino Maia explicou a operação e afirmou que se trata de um prédio antigo, recuperado, mas “um edifício belo, numa localização belíssima”.

 

Data de introdução: 2014-05-11



















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