VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Faltam estudos sobre a Violência Doméstica

A investigadora e técnica do Instituto de Reinserção Social (ISR), Elza Pais, lamenta a inexistência de um estudo de âmbito nacional sobre violência doméstica em Portugal, realçando que o último foi realizado em 1995. Este estudo concluiu que, naquele ano, uma em duas mulheres tinha sido vítima de violência doméstica pelo menos uma vez e que uma em três tinha sido vítima de mais do que um acto de violência.

"Lamentavelmente, não foi realizado qualquer outro estudo que permita fazer a comparação dos dados então obtidos", disse Elza Pais que falava num seminário sobre "Violência Doméstica: perspectivas dos serviços do Estado e abordagens político/legislativas", realizado no Porto.

Destacou, contudo, um conjunto de levantamentos que têm sido realizados, citando um desenvolvido pela União da Mulheres Alternativa e Resposta, segundo o qual no ano passado 47 mulheres foram mortas pelos maridos ou companheiros. Citou também uma outra investigação que está a ser realizada desde Dezembro de 2003, por técnicos do IRS, junto de 878 agressores, a cumprir pena de prisão ou outro tipo de medida de coação. Destes 878, 40 por cento foram julgados por maus-tratos, 32 por cento por homicídio e 14 por cento por crimes sexuais.

Segundo Elza Pais, no universo dos agressores, 60 por cento assumiu a prática de violência conjugal, designadamente a violência física (45 por cento), a violência psicológica (29 por cento) e a violência sexual (nove por cento). "A violência física é a mais identificada, mas alguns indicadores referem que a violência psicológica é a mais cometida", disse, lamentando "a inexistência de critérios que identifiquem a violência psicológica e, sobretudo, que a criminalizem". Contudo, Elza Pais considerou que Portugal "não peca por falta de legislação, mas sim pela dificuldade na sua aplicação".

No entender desta investigadora, a realidade está traduzida no número de processos que chegam aos tribunais, que representam "uma gota de água no oceano". Conceição Lavadinho, coordenadora do II Plano Nacional Contra a Violência Doméstica, que começou a ser desenvolvido em 2003, anunciou, para "breve", a aplicação de uma ficha de atendimento normalizada, a aplicar por todos os serviços e associações que fazem atendimento a vítimas de violência. "O objectivo, segundo explicou, é evitar que as pessoas tenham de repetir a história, nos diferentes organismos a que recorrem", designadamente na área da saúde, justiça e segurança social. Esta articulação será feita pelas diferentes instituições através da Internet.

 

Data de introdução: 2005-01-20



















editorial

O COMPROMISSO DE COOPERAÇÃO: SAÚDE

De acordo com o previsto no Compromisso de Cooperação para o Setor Social e Solidário, o Ministério da Saúde “garante que os profissionais de saúde dos agrupamentos de centros de saúde asseguram a...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Imigração e desenvolvimento
As migrações não são um fenómeno novo na história global, assim como na do nosso país, desde os seus primórdios. Nem sequer se trata de uma realidade...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Portugal está sem Estratégia para a Integração da Comunidade Cigana
No mês de junho Portugal foi visitado por uma delegação da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância do Conselho da Europa, que se debruçou, sobre a...