
                
                A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Cruz Vermelha apelaram aos governos da União Europeia para que lutem contra o aumento alarmante de casos de tuberculose multi-resistente às portas da Europa. 
«A resistência aos medicamentos, com que hoje nos confrontamos, constitui sem dúvida o desafio mais grave em matéria de tuberculose na Europa, desde a II Guerra Mundial», declarou Markku Niskala, secretário-geral da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. 
«É por isso que diligenciamos instantemente junto dos dirigentes europeus para que reajam energicamente, sem a menor demora, porque, de contrário, a crise ameaça escapar ao nosso controlo», advertiu, em comunicado. 
A OMS, a Cruz Vermelha e cerca de duas dezenas de agências e organizações não-governamentais anunciaram a criação de uma aliança para melhorar a luta e pressionar os governos a comprometerem-se futuramente. 
Cerca de 450 mil pessoas contraem a tuberculose na Europa Oriental e na Ásia Central, anualmente, dos quais 70 mil morrem, salienta a Cruz Vermelha. 
Nos vinte países do mundo com a maior taxa de tuberculose multi-resistente, 14 encontram-se naquela zona, segundo a mesma fonte. 
Em determinados países, o mau uso de medicamentos anti-tuberculose de segunda geração, que constituem a última linha de defesa contra a doença, contribui para a multiplicação de casos ultrarresistentes. 
O problema é ainda agravado pelo aumento acelerado da prevalência do vírus da SIDA, nomeadamente na Rússia e na Ucrânia, porque a diminuição das defesa s imunitárias que provoca favorece o aparecimento da tuberculose. 
Estudos realizados na Letónia mostraram que 18% dos casos de tuberculose fármaco-resistente são causados pela variante ultrarresistente do bacilo. 
«As zonas mais perigosas da tuberculose fármaco-resistente situam-se to das na periferia da União Europeia», salientou Mario Raviglione, que dirige o serviço anti-tuberculose na OMS. 
«Os investimentos na luta contra esta doença devem estar à altura da ameaça e à cabeça da lista de prioridades europeias, em particular nos países doadores. Os europeus deveriam empenhar-se a fundo em resolver os seus próprios problemas, especialmente quando se revestem de tal gravidade», salientou ele. 
Actualmente, a maior parte da assistência técnica em matéria de luta contra a tuberculose na região europeia no seio da OMS é garantida pelos Estados Unidos, sublinhou a aliança formada esta terça-feira. 
A tuberculose mata perto de cinco mil pessoas, por dia, no Mundo, e é a primeira causa de morte entre os doentes com SIDA. 
Fonte: Diário Digital / Lusa 
 
Data de introdução: 2006-10-14