JUVENTUDE

Mais tempo na escola e na casa dos pais, mais tarde no mercado de trabalho

Os jovens portugueses permanecem actualmente mais tempo na escola e entram mais tarde no mercado de trabalho do que há 30 anos atrás, prolongando o período em que dependem economicamente da família de origem, referem dados oficiais.

No Dia Internacional da Juventude, o mais recente perfil completo dos jovens portugueses dos 15 aos 29 anos só pode ser retratado pelo relatório "Jovens em Portugal", uma análise do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa através de dados estatísticos de 1960 a 1997, uma vez que a Secretaria de Estado da Juventude só terá dados actualizados no final do ano.

Nos últimos 30 anos, "o analfabetismo juvenil foi praticamente erradicado e a frequência dos níveis mais elevados de ensino dobrou de década para década", verificando-se um alargamento progressivo da idade média de permanência na escola. Esta tendência é mais acentuada no sexo feminino, que tinha uma situação minoritária nas escolas até à década de setenta e apresenta agora "os índices mais elevados de escolarização e os maiores índices de qualificação". "Embora os dados o indiciem, o panorama educativo português está ainda longe de apresentar indicadores próximos dos parâmetros europeus", refere o documento, acrescentando que "o abandono escolar precoce continua a persistir como um dos graves problemas estruturais do nosso sistema educativo".

Segundo o relatório, os jovens foram bastante vulneráveis às mutações económicas e sociais que ocorreram em Portugal nos últimos 30 anos e "as camadas juvenis têm-se confrontado cada vez mais, nos últimos anos, com o prolongamento da sua situação de dependência da família de origem", entrando mais tarde na vida activa. Principalmente as raparigas combinam o aumento da frequência da escolaridade com o aumento da estadia no agregado familiar de origem, do qual continuam a depender economicamente até idades mais tardias. Enquanto a taxa de jovens empregados desceu, aumentou proporcionalmente o número de 'estudantes'.

Não obstante a perda de peso dos jovens no mercado de trabalho, o desemprego continua a ser predominantemente juvenil. A procura do primeiro emprego atinge cada vez mais faixas etárias juvenis tardias, o que demonstra que os jovens entram cada vez mais tarde no mercado de trabalho. A esmagadora maioria dos jovens activos afirmam trabalhar por conta de outrem e a maioria dos desempregados tem apenas a escolaridade mínima obrigatória ou ainda menos.

Os jovens com cursos médios ou superiores são ainda os que têm mais facilidade no acesso ao emprego, apesar de nos últimos anos o desemprego ter aumentado também neste grupo. "O cenário traçado indica assim um retardamento etário na entrada no mundo do trabalho, bem como o prolongamento dessa condição social que se designa por juventude", lê-se no documento, que salienta a invenção de novos modos de vida, que, contornando as dificuldades
profissionais acrescidas e protelando a idade de acesso à independência económica, reestruturam o campo das experiências juvenis.

No que respeita à relação dos jovens com a Justiça, o relatório salienta que medir a dinâmica da delinquência juvenil "não é fácil", dispondo-se apenas para análise a amostra dos que passaram
pelo crivo policial e judicial. No entanto, salienta que "a população jovem envolvida em processos-crime cresce a um ritmo superior ao da população criminal global". "Os crimes que mais influenciaram a tendência de progressão da criminalidade juvenil, durante o período considerado, foram os de furto, onde se destaca o furto qualificado, os de emissão de cheques sem cobertura, as ofensas corporais, os crimes de viação, os relacionados com o tráfico e o consumo de droga e os ilícitos contra a autoridade publica", é referido. O furto verifica-se especialmente nas camadas mais jovens, enquanto a emissão de "cheques carecas" tem mais expressão nos jovens dos 25 aos 29 anos.

O relatório "Jovens em Portugal" salienta ainda que o aumento da criminalidade contra a propriedade tem sido relacionado com o tráfico e o consumo de droga, mas a verificação empírica não permite estabelecer cientificamente esta relação.

 

Data de introdução: 2006-08-12



















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