XVIII FESTA DA SOLIDARIEDADE – BEJA 2025

As IPSS são um elo fundamental para uma melhor vida

E ao quinto dia, a XVIII Festa da Solidariedade instalou-se na Casa da Cultura de Beja, sob um sol quente, depois da ameaça de chuva, reunindo várias IPSS do distrito a animar a iniciativa, e muitas personalidades para o momento mais institucional do evento.
Terminada a etapa de Beja, ficam apenas a faltar os distritos de Aveiro e Leiria receberem a flama solidária para que a iniciativa da CNIS toque todo o território nacional e se feche um ciclo que já passou também pelas regiões autónomas.
Na presença de dezenas de utentes de variadas IPSS do distrito de Beja, que é vasto e as distâncias entre localidades sempre significativa, as primeiras palavras do presidente da CNIS foram de agradecimento.
“Um obrigado a todos vós por estares aqui”, disse o padre Lino Maia, sublinhando: “E estais aqui porque, de certeza, vos sentis muito bem nas instituições que vos apoiam. É muito importante também termos muitas instituições aqui em Beja que apoiam crianças, pessoas mais velhas e pessoas com deficiência e devemos estar muito gratos por haver instituições que vos fazem mais felizes”.
O líder da CNIS aproveitou o momento para lembrar que “estas instituições só sobrevivem, só vão continuando, porque há dirigentes que se dispõem a organizar, gerir e dinamizar as instituições voluntariamente” e frisou: “Por isso, queria que houvesse, e sei que há, gratidão para com estas pessoas, porque não é fácil ser dirigente de uma instituição”.
Sobre as dificuldades que muitas IPSS atravessam, assunto que a presidente da UDIPSS Beja, Conceição Casanova, já havia referido na intervenção de abertura do momento institucional, o padre Lino Maia foi claro: “Com escassíssimos recursos, fazem milagres, fazem maravilhas”.
“Por exemplo, recebe-se apoio limitado do Estado durante 12 meses, mas estas instituições têm de pagar 14 salários. Às vezes, da parte do Estado ouvimos dizer que já comparticipa em… Não chega! Nem perto nem longe. Comparticipa em 30%, 40% os custos das instituições, mas estes dirigentes precisam de muito mais dinheiro nas instituições para vos servir”, sustentou, dirigindo-se à plateia, e sublinhando: “E metade daquilo que recebem do Estado, devolvem ao Estado em TSU e outras obrigações fiscais. Fazem milagres, fazem maravilhas. Aos dirigentes o meu obrigado”.
E se, no dia 24, na Casa da Cultura acontecia o ponto alto da iniciativa da CNIS com a Festa, já desde o início da semana que a Chama da Solidariedade fazia a sua passagem pelo distrito do Baixo Alentejo, levando a mensagem do espírito solidário a diversos concelhos e instituições.
“A Chama da Solidariedade andou por este distrito para dizer que é muito importante que, quando alguns só se preocupam com o lucro, haja quem se preocupe, de facto, com as pessoas. E, por isso, a Chama andou pelos concelhos, para que continue a haver instituições, a serem apoiadas, porque têm de ser apoiadas, e dirigidas por gente tão boa e tão dedicada”, afirmou o padre Lino Maia, deixando um apelo: “É preciso que a Chama não se apague e continue a acicatar, estimular, favorecer o aparecimento, não só de mais instituições, mas também de mais dirigentes que se dediquem voluntariamente”.
Paulo Arsénio, presidente da Câmara Municipal de Beja, começou por “dar as boas-vindas de Beja a todos” e assinalou que “a Festa da Solidariedade atinge a maioridade aqui em Beja”.
Afirmando a postura do município de parceria com as instituições, o edil lembrou que “as IPSS são um elo fundamental da coesão e da agregação dos territórios, são um elo fundamental para uma melhor vida e para que se ultrapassem as dificuldades que muitas vezes o Estado, a nível central ou a nível autárquico, não consegue ultrapassar”.
E isto, segundo o autarca, que está de saída do cargo de presidente, é “através do esforço de muitos e através das IPSS que se encontram as respostas para muitas pessoas que, numa qualquer fase da vida, precisam da solidariedade e da ajuda de outros”.
“As instituições são vitais para responder a todas as carências que ainda persistem na nossa sociedade”, destacou, deixando também um apelo: “Temos 25 IPSS em Beja e a UDIPSS é fundamental, pelo que apelo a todas as instituições que adiram à União Distrital. Quanto mais juntos mais fortes e quanto mais fortes mais voz terão as instituições que tanto fazem pelas nossas populações”.
Na abertura da sessão, Conceição Casanova lembrou as dificuldades de organização do evento, devido ao momento eleitoral autárquico que se viveu até há pouco, mas ainda assim congratulou-se pelo envolvimento que todos os que participaram tiveram.
“Que esta Festa seja, por isso, um símbolo de união, de esperança e de força coletiva. Que esta Chama da Solidariedade, que aqui acendemos em Beja, nunca se apague e que continue a iluminar o caminho de todos os que trabalham em prol de uma sociedade mais justa, mais humana e mais fraterna”, sustentou Conceição Casanova, que acrescentou: “O que hoje celebramos é muito mais do que uma festa. É o reconhecimento do espírito solidário que move cada dirigente, cada colaborador, cada voluntário, todos aqueles que, com generosidade e entrega, fazem da solidariedade o seu modo de vida. Gente que veste a camisola das suas instituições, que está presente onde há necessidade e que acredita que cuidar dos outros é a forma mais nobre de transformar o mundo”.
As dificuldades de sustentabilidade de muitas das IPSS do distrito e o pouco apoio do Estado para a realidade que as instituições vivem foi também alvo de nota por parte da líder da UDIPSS Beja, “porque as instituições recebem 12 meses de comparticipações, mas têm 14 remunerações para pagar aos seus trabalhadores”.
Presente na cerimónia esteve também o Bispo de Beja, D. Fernando Paiva, que deixou uma mensagem de ânimo a todos os que trabalham nas instituições e dos que delas beneficiam: “Quem trabalha nestas instituições desempenha uma missão nobre, que é cuidar dos que mais sofrem. É uma graça e uma bênção haver tanta gente que se dedica neste cuidar de quem precisa. Deixo, por isso, uma palavra de incentivo a trabalhadores e utentes”.

FESTA DA FESTA

Quanto à festa da Festa, depois dos discursos chegaram as cantigas, a música e a dança e a animação entre os mais velhos, em maior número, e, em especial, entre as crianças da IPSS vizinha da Casa da Cultura, o Centro Infantil Coronel Sousa Tavares.
As pinturas faciais que alunas da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça, sita em Beja, proporcionaram aos mais pequenos fizeram as delícias da criançada, que não se cansou de correr, saltar e dançar ao som das cantigas que os grupos de mais velhos entoavam em palco.
Nesse particular, destaque para o grupo coral da Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos de Vialonga e para o coro do Polo da Amareleja da Universidade Sénior de Moura, que interpretaram temas de sempre daquele território alentejano, sendo amiúde acompanhados em uníssono pela plateia.
Em palco esteve também o grupo do Centro Social do Bairro da Esperança a fazer a Dança Sentada, uma atividade essencial para que, aqueles que já têm dificuldade nos membros inferiores, exercitem o corpo.
Por fim, houve animação musical pelo artista local Celso Graciano, que proporcionou um momento de bailarico aos resistentes da XVIII Festa da Solidariedade, que a cidade de Beja acolheu no dia 24.
Da parte da manhã, a Chama da Solidariedade fez uma última visita a uma IPSS bejense, no caso, ao Patronato de Santo António, onde foi recebido com grande colorido e animação pelas crianças do jardim de infância.
Foram entoadas canções e reinou verdadeiramente a alegria entre os petizes, enquanto as utentes da ERPI observavam sorrindo.
Foi enorme a alegria dos mais pequenos ao verem a tocha solidária, algo que se espera se repita no ano que vem.

Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)

 

Data de introdução: 2025-10-26



















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