GUERRA NA UCRÂNIA

Solidariedade com refugiados ucranianos já mobiliza as IPSS

Com o explodir da guerra, o êxodo da Ucrânia foi repentino e massivo, sendo composto, fundamentalmente, por mulheres, crianças e idosos. Solidários como sempre, os portugueses têm-se desdobrado em iniciativas para ajudar quem está a sofrer os horrores da guerra. As entidades oficiais já lançaram algumas medidas no sentido de coordenar e apoiar as disponibilidades de acolhimento e de trabalho e a CNIS e as suas instituições associadas não ficam de fora. São já várias as IPSS que se disponibilizaram para acolher e dar trabalho a refugiados da Ucrânia, mas a CNIS espera que muitas mais se juntem a este esforço de minimizar o sofrimento destas pessoas.
A guerra que estalou na Ucrânia, no passado dia 24 de fevereiro, tem, para além das mortes, dos feridos e da destruição, provocou desde o primeiro dia uma fuga em massa da população ucraniana. Com os homens entre os 18 e os 60 anos proibidos de sair do país, são sobretudo mulheres, crianças e idosos os que engrossam o êxodo rumo ao Ocidente, especialmente, aos países da União Europeia.
Tal como há uns anos com os refugiados de guerra sírios, as IPSS voltam a abrir os braços a quem foge da guerra e precisa de um teto, de trabalho e, principalmente, de paz.
Nesse sentido, o Governo aprovou, no início deste mês, a Resolução do Conselho de Ministros n.º 29-A/2022, que estabelece os critérios específicos da concessão de proteção temporária a pessoas deslocadas da Ucrânia, em consequência dos recentes conflitos armados vividos naquele país.
Nessa sequência, foi aprovado um pacote de medidas especiais para o acolhimento, protecção e integração de pessoas deslocadas da Ucrânia em Portugal, envolvendo serviços públicos, autarquias e sociedade civil.
O Alto Comissariado para as Migrações (ACM), articulado com o Instituto de Segurança Social, assegurará a distribuição de alojamento para os cidadãos ucranianos que necessitem.
Assim, o ACM criou um endereço específico para informação aos cidadãos e às cidadãs que queiram vir para Portugal, aos cidadãos e às cidadãs ucranianos/as a residir em território nacional que queriam saber como trazer a família para o país e a todos os cidadãos e cidadãs que queiram apoiar: sosucrania@acm.gov.pt. Este endereço centralizará igualmente as ofertas de alojamento disponíveis.
Por outro lado, o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) criou a plataforma Portugal for Ukraine com o intuito de apoiar os cidadãos da Ucrânia que pretendam, por razões do conflito armado e humanitárias, residir em Portugal.
A sociedade civil pode contribuir para a integração social e profissional destes cidadãos, registando e manifestando a intenção de os recrutar através do formulário em https://formularios.iefp.pt/index.php/637833?lang=pt.
O IEFP fará o mapeamento das competências dos trabalhadores ucranianos acolhidos, dos locais de acolhimento/residência e das ofertas de emprego disponíveis, e entrará em contacto para apresentar candidatos, caso exista ajustamento ao perfil pretendido. Nessa sequência, a oferta de emprego deverá ser formalizada ao IEFP, para efeitos de acesso aos apoios disponíveis: (Medida Incentivo ATIVAR.PT e Medida Compromisso Emprego Sustentável). O IEFP organizará também cursos de Português Língua de Acolhimento para facilitar a integração laboral destes cidadãos. Qualquer questão pode ser direcionada para ofertasucrania@iefp.pt.

CNIS ASSOCIA-SE

A CNIS, não podendo ficar indiferente à dimensão do drama por que têm passado muitos ucranianos e ucranianas, associa-se também a este esforço conjunto.
Assim, e na eventualidade de as instituições poderem dispor de alojamento e/ou de ofertas de trabalho para aqueles cidadãos que vêm encontrar protecção em Portugal, solicita-se a manifestação dessa disponibilidade.
As IPSS que possam assegurar a dimensão do alojamento deverão fazer chegar à CNIS essa informação (através do email cnis@cnis.pt). Dessa informação deverá constar o tipo de alojamento (se em habitação autónoma ou em equipamento), se há possibilidade de alimentação associada, se há possibilidade de lavagem de roupa de uso pessoal, se há possibilidade de disponibilizar algum tipo de apoio técnico de acompanhamento pontual. Essa informação será centralizada e encaminhada ao ACM e ao Instituto de Segurança Social, para os devidos efeitos.
As instituições que possam assegurar a dimensão do emprego deverão submeter a informação ao IEFP através do formulário respectivo (ver acima), sinalizando essa disponibilidade através do e-mail cnis@cnis.pt.
Até ao dia 7 de março, a CNIS já tinha recebido a manifestação de disponibilidade para acolher refugiados da Ucrânia de 18 instituições.
A saber: Cinco de Braga, quatro da Guarda, duas de Bragança, duas de Santarém, duas de Castelo Branco, uma de Lisboa, uma do Algarve e uma de Viana do Castelo. A estas, a CNIS espera que se juntem muitas mais, até porque esta pode ser uma oportunidade, não só para se ser solidário, mas para arranjar a mão-de-obra que as IPSS tanto necessitam e não conseguem contratar entre os portugueses.

CÁRITAS AJUDA UCRÂNIA

Por outro lado, a Cáritas Portuguesa já tem no terreno a campanha «Cáritas Ajuda Ucrânia», cuja verba angariada tem como objetivo reforçar a capacidade de resposta da Cáritas na Ucrânia, nos países fronteiriços e o eventual acolhimento a famílias deslocadas em Portugal.
“Tomamos esta medida de urgência face ao pedido de ajuda que nos chega da Cáritas Ucrânia, que tem intensificado a sua resposta junto da população e cujas necessidades aumentam diariamente. Falamos de um apoio de emergência no local em alimentos, medicamentos e abrigo, mas também da urgência em responder à situação dramática de milhares de pessoas deslocadas e que necessitam de ajuda imediata, revela Rita Valadas, presidente da Cáritas Portuguesa.
Para sustentar o trabalho das duas organizações Cáritas ucranianas – Cáritas Ucrânia e a Cáritas-Spes – a Caritas Internationalis lançou um apelo de emergência, que permitirá ajudar cerca de 13.000 pessoas em diferentes partes do país e, especialmente, em áreas críticas como Kramatorsk, Rubizhne, Zaporizhya, Volnovakha, Mariupol, Kharkiv, Dnipro, Kiev, Zhytomyr, Odesa, Ivano-Frankivk.
Também as Cáritas da Polónia, Moldávia, Roménia e Eslováquia estão, atualmente, a prestar assistência humanitária e informação segura aos milhares de refugiados que estão a atravessar as respetivas fronteiras.
Associando-se à campanha «Cáritas Ajuda Ucrânia», a Cáritas Diocesana de Coimbra replicou o gesto da Cáritas Portuguesa, que através do seu Fundo de Emergências Internacionais, se comprometeu com a doação de 20 mil euros diretamente à Cáritas Ucrânia, e doou o mesmo valor ao movimento.
Com este gesto, a Cáritas de Coimbra pretende garantir que todas as pessoas tenham acesso à assistência humanitária e assegurar que a Cáritas Ucrânia tem condições para continuar o seu trabalho junto das pessoas afetadas, através da distribuição de alimentos, água potável, abrigo seguro e kits de higiene.
Todos os interessados em apoiar a campanha «Cáritas Ajuda Ucrânia» poderão fazê-lo através de:
Donativos online: www.caritas.pt/donativos-online ou IBAN: PT50.0033.0000.01090040150.12 ou Multibanco: 22222 (entidade) 222 222 222 (referência).
A campanha «Cáritas Ajuda Ucrânia» será apenas de recolha de fundos e visa reforçar a capacidade de resposta da Cáritas na Ucrânia e nos países fronteiriços e o eventual acolhimento a famílias deslocadas em Portugal.
A Cáritas de Coimbra encontra-se disponível para estabelecer o contacto entre os potenciais doadores e a Cáritas Portuguesa, no caso de terem dificuldades em fazer chegar os seus donativos.

CRIANÇAS EM PERIGO

Também as Aldeias de Crianças SOS criaram um fundo de emergência para ajudar crianças e famílias vítimas da guerra na Ucrânia e lançam apelo a apoios.
As Aldeias de Crianças SOS têm como prioridade proteger o maior número de crianças e famílias e, por isso, criaram um fundo de emergência para apoiar crianças e famílias vítimas da guerra na Ucrânia.
Presentes na Ucrânia desde 2003, as Aldeias de Crianças SOS apoiam mais de 2.000 pessoas naquele país (crianças, jovens e famílias de acolhimento) e, neste momento, estão a apoiar ainda mais famílias.
Estão a ser realocadas crianças e famílias e, nos últimos dias, já foi possível realocar mais de 60 crianças para a Polónia, onde foram recebidas pela equipa das Aldeias de Crianças SOS daquele país da União Europeia.
Os responsáveis pelas Aldeias de Crianças SOS em Portugal alertam para a necessidade de serem tomadas medidas urgentes para proteger e cuidar de todas as crianças e famílias afetadas. Isto inclui o apoio especial às crianças em famílias de acolhimento ou de parentesco, e o apoio aos refugiados nas fronteiras e nos países vizinhos.
“Alertamos que, neste momento, na Ucrânia há também mais de 100.000 crianças em instituições que correm perigo, conforme informações das Aldeias de Crianças SOS da Ucrânia”, assevera Luís Cardoso de Meneses, secretário-geral das Aldeias de Crianças SOS Portugal.
Assim, o fundo de emergência, criado pelas Aldeias de Crianças SOS, apela ao contributo de todos para: O apoio à deslocação e abrigo, dando às famílias ajuda nos custos de deslocação e alojamento; o reagrupamento familiar; o apoio de emergência, como medicamentos, artigos de higiene e alimentos; o apoio psicológico, tanto para as crianças e famílias, bem como para a equipa no terreno; o reforço das nossas equipas, pois com um aumento do número de famílias e crianças que necessitam do nosso apoio, bem como a sua deslocação, torna-se necessário o aumento da capacidade da nossa equipa na região.
“Todos nos sentimos impotentes e todos queremos que a guerra pare. A nossa prioridade é proteger o maior número de crianças. Queremos que as crianças cresçam sem ódio. Estou em contacto próximo com as Aldeias de Crianças SOS na Rússia e na Bielorrúsia. Estamos do mesmo lado, ou seja, do lado das crianças. Continuaremos o nosso trabalho para proteger as crianças do horror da guerra”, afirma Serhii Lukashov, diretor nacional das Aldeias de Crianças SOS da Ucrânia.

 

Data de introdução: 2022-03-10



















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