ASSEMBLEIA GERAL

Adesão à CESP aprovada por larga maioria

A CNIS reuniu em Assembleia Geral extraordinária e votou favoravelmente a adesão à Confederação da Economia Social Portuguesa (CESP). Uma decisão expressiva com a larga maioria das associadas presentes a carimbarem a proposta da Direção, não sem antes ter havido novo e vivo debate. Seguiu-se a Reunião Magna ordinária, com o Relatório do Programa de Ação e Contas 2017 a receber aprovação sem qualquer voto contra.
Como as votações o demonstraram, o assunto que gerava mais interesse e debate era o que preenchia a ordem de trabalhos da assembleia extraordinária, com as IPSS associadas da CNIS a votarem favoravelmente a adesão à CESP.
A larga maioria das 134 instituições presentes em Fátima, apoiou a proposta da Direção, com 95 votos a favor, 28 contra e 11 abstenções.
Depois de suspensa e adiada a AG Extraordinária que, em novembro, abordou pela primeira vez a questão e realizada uma sessão de esclarecimento em janeiro, no Dia da CNIS, no dia 24 houve tempo de novo debate antes da votação.
Diversos dirigentes das IPSS presentes expressaram a sua opinião abertamente, uns mostrando-se contra outros a favor, algo que acabou por se refletir na votação, reforçando a discussão democrática no seio da CNIS.
No entanto, ficou bastante evidente o consenso em torno da ideia de a CNIS integrar a CESP.
“Tenho medo do unanimismo, mas só crescemos com debate e este é o lugar onde nos devemos confrontar”, disse o presidente da CNIS, em jeito de comentário aos resultados da votação.
“Estar em comunhão com os outros serve para sermos mais fortes e para nos defendermos melhor”, afirmou o padre Lino Maia, ainda antes da votação, lembrando: “Fui muito crítico no início, mas já não sou, porque conseguimos condicionar a criação da Confederação. É fundamental que não percamos este comboio”.
Finda a reunião magna extraordinária, seguiu-se a discussão e votação do Relatório de Atividades e Contas de 2017.
Nesse documento pode ler-se que a CNIS definiu como prioridade para o ano de 2017, afirmar o setor solidário em todas as suas dimensões e, em particular, na sua especificidade de prestador de serviço público cooperando com o Estado.
Assim, o documento elenca inúmeras ações, atividades e iniciativas da CNIS na prossecução dos objetivos estratégicos que são a Cidadania e Solidariedade, a Cooperação, a Formação e Capacitação e a Representação.
No entanto, o Relatório de Atividades, cuja apresentação esteve a cargo de João Dias, presidente-adjunto da CNIS, lembra que “o Compromisso de Cooperação para o Setor Social e Solidário – Protocolo para o biénio 2017-2018, celebrado com o Estado e operacionalizado diariamente, em todo o território nacional, pelas IPSS, nas áreas da educação, emprego, formação profissional, saúde e solidariedade, exigiu uma monitorização permanente”.
Em muitos casos, “constatou-se um atraso significativo no cumprimento do que ficara assumido, com consequências graves na atividade das Instituições, para os utentes e suas famílias. Atrasos nunca explicados nem justificados, por parte das entidades públicas signatárias do Compromisso e/ou dos serviços de si dependentes”, relevou, acrescentando: “A falta de resposta às muitas interpelações da CNIS, dificultaram, e em alguns casos até impediram, que a Confederação exercesse o seu papel junto das IPSS e de parceiro social e solidário, por ausência e dificuldade de acesso à informação, comprometendo o Compromisso assinado”.
O Relatório relembra o que diz artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 120/2015, de 30 de junho, em que “a cooperação consiste na relação de parceria estabelecida entre o Estado e as Instituições com o objetivo de desenvolver um modelo de contratualização assente na partilha de objetivos e interesses comuns, bem como da repartição de obrigações e responsabilidades”.
O documento a debate e votação regista ainda, para além do acompanhamento contínuo do Compromisso de Cooperação, que “a CNIS acompanhou, igualmente, a atividade das IPSS e os constrangimentos sentidos no ano em análise, destacando, nomeadamente: Ações inspetivas (os diversos relatos e pedidos de apoio das instituições na sequência da realização de ações inspetivas, por parte do Instituto da Segurança Social, levaram a CNIS no início de 2017 a proceder a um levantamento do estado dos processos inspetivos e dos resultados das ações de acompanhamento realizados, contando com a participação de 143 associadas. Os resultados recolhidos, confirmaram excessos na atuação dos serviços do Estado e a urgente necessidade de avaliação e revisão do Regime de Licenciamento, Fiscalização e respetivo Regime Sancionatório, previstas no Compromisso de Cooperação até ao final do ano 2017, e não realizadas); Aumento da RMMG – Remuneração Mínima Mensal Garantida (recorde-se que a posição da CNIS é a de que a atualização da RMMG constitui um ato de justiça relativamente aos trabalhadores. Sendo o Estado responsável pela proteção social dos cidadãos, e desempenhando as Instituições um papel fundamental nesta atribuição, compete-lhe assegurar que esse ato de justiça não tenha o efeito de ferir a sustentabilidade das instituições. A avaliação conjunta, prevista no Compromisso de Cooperação, do impacto da maximização dos recursos humanos nas várias respostas sociais e a adequação dos quadros de pessoal, não se realizou); Clima de suspeição sobre as IPSS (a partir de alguns casos exaustivamente mediatizados, foi criado, de forma intencional, um clima de suspeição generalizado sobre as IPSS, sustentado em antigos preconceitos e desconhecimento voluntário sobre o setor); PROCOOP – Programa de Celebração ou Alargamento de Acordos de Cooperação para o Desenvolvimento de Respostas Sociais (as exigências impostas às instituições, em sede de candidatura, e em fase de análise e hierarquização das mesmas, consubstanciam-se num processo lento, excessivamente burocrático e assente em princípios não diretamente relacionados com a capacidade de as Instituições celebrarem ou reverem os seus acordos de cooperação, e assim satisfazerem as necessidades das populações locais).
Mas nem tudo foram dificuldades inultrapassáveis. Muita coisa foi conseguida, com destaque para o acolhimento de menores não-acompanhados. “Para além do reconhecido trabalho desenvolvido pelas IPSS no acolhimento de refugiados, a CNIS tomou em mãos, em concertação com o Governo, o acolhimento de jovens não-acompanhados, que, por diversas razões, se viram obrigados a fugir dos seus países e sós chegaram à Grécia”, lê-se no documento.
Na área da saúde foi lançado em 2016, mas foi em 2017 que a CNIS incrementou e desenvolveu de forma transversal a missão das «IPSS promotoras de Saúde».
Foi um longo processo que só a 24 de março recebeu a aprovação dos associados, mas é considerado pelos responsáveis da CNIS como uma mais-valia de futuro.
“Num longo processo de ajustamento de diferentes conceitos sobre a Economia Social, a CNIS definiu, clarificou e garantiu a especificidade e autonomia das IPSS. São Entidades de comunidades que se envolvem e não se demitem e que, nos momentos de crise, se comportam de uma forma expansionista e em contraciclo, se comparada com os outros sectores tradicionais da economia e com outras sociedades. São economia das pessoas e para as pessoas, com abordagem mais humanista, mais próxima e mais benéfica para os cidadãos, sobretudo, os que vivem situações de maior fragilidade social. Um ano após ter sido lançado o desafio, no decorrer do I Congresso Nacional da Economia Social, foi assinada a Carta de Compromisso da constituição da Confederação da Economia Social Portuguesa”, lê-se no documento que recolheu a aprovação unânime da Assembleia Geral, composta por 148 associadas.
Já as Contas de 2017 recolheram 146 votos a favor e duas abstenções, tendo sido aprovadas, apesar do resultado negativo de 63 252,29 euros.
O tesoureiro Eleutério Alves apresentou as Contas, em que os gastos são de 1.094.200,30 euros e os proveitos apenas de 1.030.948,01 euros. A diferença foi explicada e as contas, com o parecer favorável do Conselho Fiscal, presidido por Lacerda Pais, foram aprovadas.
Nota ainda para o Anexo 2 do Relatório do Programa de Ação e Contas 2017, onde a Direção deu conta daquilo a que se tinha proposto e acabou por não concretizar, em muitas das situações em que foi totalmente impotente devido à passividade das entidades estatais.
O Anexo 2 remete exclusivamente para o «Acompanhamento do Compromisso de Cooperação para o Setor Social e Solidário - Protocolo para o biénio 2017-2018», pretendendo ser um memorando para cada um dos setores inscritos naquele documento e a que a CNIS faz diversas críticas. Principalmente pela estagnação de muitas matérias e pouca abertura para o diálogo por parte de algumas entidades estatais.
Resposta social a resposta social, a CNIS revela no Relatório o que avançou, o que atrasou e o que não avançou do que estava previsto no Compromisso de Cooperação para o Setor Social Solidário 2017-2018.

 

Data de introdução: 2018-04-05



















editorial

O COMPROMISSO DE COOPERAÇÃO: SAÚDE

De acordo com o previsto no Compromisso de Cooperação para o Setor Social e Solidário, o Ministério da Saúde “garante que os profissionais de saúde dos agrupamentos de centros de saúde asseguram a...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Imigração e desenvolvimento
As migrações não são um fenómeno novo na história global, assim como na do nosso país, desde os seus primórdios. Nem sequer se trata de uma realidade...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Portugal está sem Estratégia para a Integração da Comunidade Cigana
No mês de junho Portugal foi visitado por uma delegação da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância do Conselho da Europa, que se debruçou, sobre a...