JOSÉ A. DA SILVA PENEDA

RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS

Esta semana fui convidado pela administração do grupo Altice para assistir, em Braga, a um evento sobre responsabilidade social das empresas. Ora aqui está um tema que vai seguramente dar que falar e em tom crescente no futuro. Afinal, do que se trata?

Sendo a busca do lucro e de resultados o objetivo de qualquer empresa e, por via disso, pagam impostos, por que será que a preocupação com os problemas sociais deverá estar também presente na agenda dos gestores que sabem que são avaliados, pelos seus acionistas, primeiro e antes de tudo, pelos resultados que apresentam?

Posta assim a questão a resposta só pode ser enquadrada numa visão muito mais lata sobre o papel das empresas na sociedade, o que significa que, segundo essa visão, a afirmação de uma empresa no tecido social será tanto mais forte quanto mais souber interpretar e ajudar a construir respostas que possam contribuir para a minimização das necessidades mais gritantes do meio envolvente.

Há tempos li um livro que procurava associar o conceito de empresas ao ser vivo e daí o autor glosava sobre este modo de ver as empresas que, na sua maioria, têm um tempo de vida muito inferior ao ser humano e, pela análise que fazia, concluía que as que perduravam no tempo eram as que tinham passado por situações em que, tal como os seres humanos, viveram momentos com sentimentos e emoções que ao longo do tempo foram caldeando uma cultura e identidade própria, que as distinguiam das demais.

Para o autor uma sociedade só tem a ganhar se as empresas passarem a ser vistas não apenas como meras entidades económicas, mas também como gestoras de comunidades de seres humanos que interagem com a realidade exterior à empresa.

A uma empresa moderna é-lhe exigida uma atenção permanente ao meio envolvente, uma leitura atenta às mudanças que se vão operando, para além das que respeitam ao seu negócio e uma disponibilidade para cooperar com outras organizações, nomeadamente na procura de soluções para a resolução de problemas de caráter social. Um conceito moderno de empresa não pode assim deixar de mostrar tolerância quanto à participação de novas entidades e ideias.

Nesse encontro em Braga ouvimos o pensamento do Padre Lino Maia, Presidente da CNIS, de Manuel de Lemos, da União das Misericórdias, e de Alexandre Fonseca, Presidente do Conselho de Administração da Altice, sobre a responsabilidade social das empresas, e também de cidadãos que têm beneficiado diretamente da atitude do grupo de empresas que fazem parte do universo da Altice e que atua sobretudo em áreas de inovação tecnológica.

Desse encontro concluí que existe um enorme espaço para explorar na base de uma cooperação entre empresas e instituições particulares de solidariedade social. Trata-se de uma postura inovadora que exige abertura de espírito de ambos os lados. Se for bem gerida ambos beneficiarão e a sociedade no seu todo sai mais robusta e equilibrada.

Nesta postura, para as empresas o mais importante não é a atribuição de donativos ou de equipamento. Isso seria o caminho fácil. O mais importante é contribuir para a criação de valor para ambos os lados. Para isso é necessário perceber o papel e os interesses do outro e, quando isso acontece, o enriquecimento de ambos os lados torna-se realidade. O protocolo de cooperação rubricado pela CNIS e pela Altice nesse encontro aponta esse caminho.

O gestor moderno, como é o caso de Alexandre Fonseca, percebeu que o grupo a que preside só tem a ganhar se os objetivos da empresa tiverem uma dimensão que está para além dos resultados financeiros. É aqui que o conceito de responsabilidade social das empresas pode permitir o desenvolvimento de uma cultura empresarial moderna e ambiciosa que procure que os seus resultados incluam também uma componente social virada para o exterior. A Altice percebeu isso.

 

Data de introdução: 2019-12-06



















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