I JORNADA ECUMÉNICA NACIONAL NOS HOSPITAIS

Altos representantes das Igrejas lavaram os pés aos doentes

Representantes de diversas confissões cristãs estiveram reunidos na noite de 22 de Março na capela do Hospital de S. João, no Porto, numa celebração ecuménica que pretendeu lembrar o direito universal ao acompanhamento espiritual e religioso de todos os doentes, independentemente do culto que professam. A cerimónia marcou o início da I Jornada Ecuménica Nacional nos Hospitais, promovida pelas Capelanias Hospitalares, com a duração de cinco dias, integrando a 7ª edição da Celebração Ecuménica do Hospital de S. João, que este ano, pela primeira vez, assumiu carácter nacional. Subordinada ao tema “Conhecer, amar, servir”, a cerimónia reuniu altos representantes das igrejas Católica, Metodista, Ortodoxa, Evangélica, Anglicana e Presbiteriana que, num acto simbólico de amor pelo próximo, lavaram os pés a alguns doentes.

Em Portugal, a Lei de Liberdade Religiosa, no que respeita à assistência religiosa em estabelecimentos hospitalares, nunca chegou a ser regulamentada o que, segundo o padre José Nuno, capelão do Hospital S. João e coordenador nacional das capelanias hospitalares, “cria dificuldades” no acesso aos hospitais de membros de outras igrejas. A assistência religiosa nos hospitais deverá ter, em breve, nova regulamentação, uma vez aprovado um decreto-lei que foi já remetido pelo Ministério da Saúde à Comissão da Liberdade Religiosa (CLR). Esta deverá agora apreciar a proposta, que prevê iguais condições de acesso dos doentes ao serviço religioso, a instituição de um lugar interconfessional em cada hospital e a criação da figura do ministro de culto.

D. Sifredo Teixeira, bispo da Igreja Metodista, confirma que o acesso aos hospitais é condicionado e depende, muitas vezes, da boa-vontade dos seguranças e porteiros. “O Hospital S. João é exemplar nessa matéria, mas há outros hospitais, aqui no Porto e não só, que nos criam grandes dificuldades”, afirma Sifredo Teixeira e aponta o Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos. “No Pedro Hispano já fui impedido de visitar doentes e apenas me permitiram fazê-lo no horário regular de visita, assim como no IPO (Instituto de Oncologia do Porto), onde já fui chamado de urgência para assistir um doente em estado terminal e o segurança não me deixou entrar”, diz o representante da Igreja Metodista. Refira-se que próprio Plano Nacional de Saúde (2004 - 2010) declara a importância da assistência religiosa no contexto hospitalar, e reconhece existir uma “deficitária integração desta dimensão nos cuidados de saúde prestados”. O documento faz também um alerta para uma “insuficiência do modelo vigente de Serviços Religiosos Hospitalares”, que se traduz na possibilidade de um cenário em que exista apenas um capelão responsável por 799 camas.

A Coordenação Nacional das Capelanias Hospitalares está sedeada no Hospital de S. João e vem assumindo um papel pioneiro neste processo de abertura e integração das diferentes entidades religiosas no acompanhamento dos seus doentes. A Jornada promoveu, também, uma Exposição e um Colóquio sobre o Sentido e a Linguagem do Sofrimento.

 

Data de introdução: 2007-04-03



















editorial

SUSTENTABILIDADE

Quando o XXIV Governo Constitucional dá os primeiros passos, o Sector Social Solidário, que coopera com o Estado, deve retomar alguns dossiers. Um deles e que, certamente, se destaca, é o das condições de sustentabilidade que constituem o...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Agenda 2030 e as IPSS
Em Portugal é incomensurável a ação que as cerca de 5 mil Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) existentes, têm vindo a realizar.  As...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

A gratuitidade das creches entre o reforço do setor social e a privatização liberal
 A gratuitidade das creches do sistema de cooperação e das amas do Instituto de Segurança Social, assumida pela Lei Nº 2/2022, de 3 de janeiro, abriu um capítulo novo...