1. Com grande sentido de oportunidade, recentemente, o Presidente da República recordou uma frase que, nos idos anos 60, marcou a campanha eleitoral de John Kennedy quando, aos que o interpelavam sobre o que, como presidente, faria pela nação americana, ele devolvia a pergunta com o repto interpelante sobre o que iria cada um fazer pela sua América.
Estamos num país diferente e num período distante, mas depois de muito se ter falado sobre direitos (e não deixa de ser importante que se fale de direitos, e, evidentemente, também de deveres), hoje começa-se a perguntar o que pode e deve cada um fazer pela nossa pátria.
Era o desafio que se pretendia com aquela evocação...
E o tema tem importância e actualidade: falar exclusivamente de direitos tem vindo a favorecer o culto da dependência e pode promover uma certa visão individualista da vida, com as consequências que vão sendo palpáveis e que são de ultrapassagem assaz difícil...
O devir colectivo, inequivocamente, é construção de todos. É e sempre será.
Cada um no seu espaço e na sua especificidade: mandatados para a causa pública ou por imperativos de ordem cívica, ética, religiosa ou social, todos têm algo a fazer pela pátria de todos. E a todos, dentro das suas aptidões, compete dar o seu contributo para uma sociedade mais harmónica.
Se em muito todos beneficiamos do que, outrora ou hoje, outros criaram e possibilitam, temos igualmente de dar o nosso contributo que favoreça o viver em comunidade e que ajude a deixar o mundo um pouquinho melhor do que o encontrámos...
2. A solidariedade social, entre nós, tem uma insofismável dimensão: quantos, neste país, anonimamente ou em instituições que idealizaram, desenvolvem e suportam, vão contribuindo para uma sociedade mais inclusiva e vão fazendo um Portugal um pouco melhor.
Por iniciativa de Organizações Civis, da Igreja Católica ou de outras igrejas ou por iniciativas de cidadãos para quem a solidariedade é o mais nobre exercício da cidadania, é consistente neste país o apoio a muitas crianças e a muitos jovens, é notório o apoio à família e à integração social e comunitária, são múltiplas as iniciativas de protecção de muitos cidadãos na velhice e invalidez e em situações de falta ou diminuição de meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho, são consideráveis as experiências consolidadas de promoção e protecção da saúde, o contributo para a educação e formação profissional dos cidadãos e a resolução de problemas habitacionais das populações.
É a vitalidade do sector activo e dinâmico da economia social solidária, com expressão, inovação e em desenvolvimento.
Sendo plural a forma jurídica dessas instituições, porém, em todas elas o móbil é unicamente o serviço às pessoas. A todas as pessoas. São mais de três milhares essas instituições e serão elas os titulares do maior volume de equipamentos sociais e de um muito significativo conjunto das mais variadas respostas. Empregarão mais de duzentos mil trabalhadores e, graças a elas e aos seus voluntários promotores, directamente, mais de meio milhão de utentes, e, mediatamente, seus familiares e sociedade, em geral, beneficiam de um presente mais tranquilo e de um futuro mais radioso.
Perguntar a todos estes que se dedicam às instituições de solidariedade o que podem fazer pelo país, é ser-se remetido para as suas boas práticas e para as incontáveis obras que denodadamente desenvolvem e que falam bem mais alto do que as suas palavras...
3. Quando surgem sinais que indiciam estarem lançadas sementes de alguma turbulência na actividade solidária e quando se comprova que o mundo português ainda ignora aqueles a quem, efectivamente, mais deve, a CNIS, organização portuguesa que representa o maior volume dessas instituições, promove a Festa da Solidariedade. Será na Bela Vista da bela cidade de Lisboa. Será uma bela e festiva montra da actividade e do querer das instituições particulares de solidariedade social.
Com a Festa da Solidariedade a CNIS pretende, tão-somente:
- Que sejam vistos e revistos os números e a dimensão das respostas solidárias.
- Que sejam conhecidas e reconhecidas as instituições de solidariedade.
- Que sejam apreciadas e reapreciadas as suas incontáveis actividades.
- Que sejam notados e denotados os dirigentes voluntários das instituições.
- Que sejam cantadas e decantadas as iniciativas de quantos ousam ajudar a sorrir seus concidadãos.
- Que sejam visíveis e notórias as qualidades renovadoras e inovadoras de quantos à solidariedade social dedicam engenho e arte.
- Que seja dito e proclamado à cidade e ao mundo que isto que muitos já fazem pela sua pátria merece gratidão, apoio e acção multiplicadora...
É importante que todos compareçam à Festa da Solidariedade: dirigentes, trabalhadores, utentes e familiares. Para se animarem entre si e para reanimar um mundo ávido de exemplos e de estímulos.
Todos... juntos por uma causa!
Juntos como Agentes Solidários: temos uma Identidade...
Juntos como Cidadãos: somos acção solidária em movimento....
Juntos por um Ideal: somos a Solidariedade de Portugal.....
Dá as mãos: abre o coração....
Vem daí à tua, à nossa FESTA e verás que a solidariedade tem ROSTO: é o teu, o de todos nós que acreditamos que é possível viver, construir SOLIDARIEDADE!
* Presidente da CNIS
Data de introdução: 2007-09-08