FAMÍLIA

Não estamos a conseguir substituir gerações

A coordenadora da Comissão Nacional para os Assuntos de Família, Margarida Neto, afirmou que Portugal não está a conseguir substituir gerações e que falta mais de um milhão de crianças para travar o envelhecimento demográfico.

"Não estamos a conseguir substituir as gerações. Não há um número ideal [de filhos], mas há um número a repor: duas ou três crianças" por casal, considerou Margarida Neto, que falava à margem do seminário "Família: Realidades e Desafios", promovido pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e pelo Observatório para os Assuntos da Família, para assinalar o décimo aniversário do Ano Internacional da Família.

Também Maria José Carrilho, do INE, considera que Portugal deixou de assegurar a substituição de gerações e fala no envelhecimento demográfico, referindo o facto de as mulheres terem filhos cada vez mais tarde e o aumento da esperança de vida.

Quanto às causas para este fenómeno, a técnica do INE aponta a entrada no mercado de trabalho, o aumento da escolaridade e a saída tardia da casa dos pais. A coordenadora Nacional salientou a importância de as entidades empregadoras demonstrarem uma maior "abertura à família", referindo nesse âmbito alguns dos pontos dos "100 compromissos para uma Política da Família".

O apoio a casais em crise, a conjugação entre a vida profissional e a familiar e a possibilidade de escolha entre quatro e cinco meses da licença parental, "sem perdas significativas para o orçamento familiar", são alguns "compromissos" referidos.

Margarida Neto lembrou, ainda, que está em apreciação a possibilidade de um dos membros do casal trabalhar em tempo parcial para que possa dedicar mais tempo aos filhos. "Pretendemos, assim, que a maternidade e a paternidade não sejam penalizadas", disse Margarida Neto, lembrando que "o Estado tem de ajudar a família, não se sobrepondo a esta".

A jornalista e economista Graça Franco, presente no seminário, defendeu ser um erro contabilizar o trabalho que uma mulher desenvolve em casa apenas numa vertente económica, quando ficar em casa "é uma opção profissional".

"Se contabilizarmos socialmente" o trabalho da mulher em casa "abrimos caminhos a que as políticas públicas sejam mais justas e apoiem as famílias que tomarem esta opção", afirmou Graça Franco.

A economista, que hoje falou sobre o "Valor Económico e Social do Trabalho na Família", disse que 71 por cento das mães portuguesas trabalha a tempo inteiro, "a maioria por absoluta necessidade financeira e pressão da sociedade, que liga o sucesso ao trabalho no exterior".

Graça Franco realça, ainda, que "ficar em casa não é só o trabalho doméstico" e refere o acompanhamento escolar, a ocupação dos tempos livres e a prevenção da toxicodependência e marginalidade das crianças e jovens, e o apoio aos idosos. "O Estado tira as mulheres todas de casa e depois põe polícia de proximidade", concluiu Graça Franco, enquanto Maria José Carrilho reforçou a importância da "solidariedade entre gerações e intra-gerações dentro da própria família".

 

Data de introdução: 2004-11-24



















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