CHAPITÔ, LISBOA

«Denominadores Comuns» cruza gerações desvinculadas

O Chapitô volta a sair das «muralhas» do Castelo, freguesia em que a IPSS está sedeada em Lisboa, para desenvolver o projecto «Denominadores Comuns», que visa promover as relações intergeracionais no seio da comunidade lisboeta de Campolide.
São quatro os eixos estratégicos deste projecto, como explicou Orlando Garcia, do Chapitô, durante a sessão de apresentação de «Denominadores Comuns», uma cerimónia que decorreu no jardim do Aqueduto das Águas Livres, ex-libris da freguesia de Campolide.
Linguagem, Tempo, Semelhante e Identidade são os caminhos a percorrer por jovens e seniores, constituindo os eixos estratégicos que enquadram conceptualmente as actividades a desenvolver.
“O Aqueduto das Águas Livres é um monumento e uma ponte e o que queremos com este projecto é estabelecer pontes entre gerações”, começou por referir Orlando Garcia, acrescentando: “São dois anos a montar uma trama com vários enredos que ressalva os relacionamentos inter-pessoal e inter-social”.
As acções do projecto foram desenhadas na óptica transgeracional, de cidadania activada e solidária e da prevalência de um sentido comunitário abrangente e inclusivo, defendem os promotores, que identificam na matriz metodológica do projecto o confronto positivo «entre pares», o diálogo inter-cultural, a sensibilização para temáticas de igualdade de género e de oportunidades e a criação de um contexto de crescente sustentabilidade social.
A população-alvo do «Denominadores Comuns» é “tendencialmente desvinculada e excluída do seu território físico e humano”, referiu o coordenador do projecto no Chapitô, recordando que a freguesia de Campolide tem uma população estimada em cerca de 16 mil habitantes, dos quais 3.500 serão juniores e outros tantos seniores, “mil dos quais vivem isolados”.
Para Orlando Garcia, se o projecto alcançar cerca de 500 juniores e outros 500 seniores “já será muito bom e uma excelente base de trabalho”, sendo que a abordagem iniciar-se-á através das instituições sociais da freguesia, prosseguindo depois para o que denominou de “tribos”, ou seja, aqueles jovens e mais velhos que não estão integrados em nenhuma estrutura, mas para quem o projecto também é vocacionado.
É sob o signo das artes para a inclusão social que o Chapitô se propõe integrar e dinamizar as redes (sociais e culturais) de Campolide, intervindo em processos socializantes, com o intuito de abrir horizontes de formação e de futuro e também de expressão e participação cívica.
“Já começámos”, afirmou Orlando Garcia, referindo-se às entrevistas aos “sábios da freguesia”, isto é, aquelas pessoas mais velhas que na vida activa desempenharam funções relevantes e de grande conhecimento, como escultores, jornalistas, professores e outros, e que se desenrola no âmbito do eixo Linguagem, mais concretamente na acção «Vidas Comuns». Este eixo integra ainda a iniciativa «Casa das Falas», que consiste na realização de “tertúlias entre gerações”.
Nos demais eixos estratégicos, o projecto consiste: Tempo – Banco de tempo e workshops artísticos, na área das artes circenses e dos ofícios; Semelhante – formação de voluntários e «Roda dos Saberes»; e Identidade – realização da Universidade Internacional de Verão 2015, “de seniores para juniores e de juniores para seniores”, e ainda a encomenda a estudantes da Faculdade de Economia, da Universidade Nova de Lisboa, de estudos sobre «Economia Júnior» e «Economia Sénior».
Especialmente a partir dos workshops artísticos resultarão espectáculos e animações sociais a apresentar nas IPSS da freguesia, estando ainda prevista uma apresentação final em Campolide, como corolário do trabalho a desenvolver ao longo dos dois anos do projecto.
A terminar a apresentação, Orlando Garcia exortou: “De mansinho estamos a começar, mas isto vai a querer!”.
Depois das boas-vindas dadas por André Couto, presidente da Junta de Freguesia de Campolide, Ana Paula Brito, do departamento de Acção Social da Junta, sublinhou que o projecto «Denominadores Comuns» é uma “grande aposta no esboroar das diferenças entre novos e velhos”, pelo que a parceria com o Chapitô e a implementação do projecto serão muito proveitosas para a freguesia.
Depois de ofertar um ramo de flores ao presidente da Junta de Freguesia, Teresa Ricou, a mulher-palhaço e presidente do Chapitô, ressalvou “a importância das parcerias”, desafiando os presentes: “Vamos transformar e criar condições para promover um Mundo melhor”.
O «Denominadores Comuns» é um projecto realizado em parceria entre o Chapitô e a Junta de Freguesia de Campolide, que integra o Programa Cidadania Activa, gerido em Portugal pela Fundação Calouste Gulbenkian, que é financiado pelo EEA Grants – Mecanismo Financeiro do Espaço Europeu [ver caixa].

PROGRAMA CIDADANIA ACTIVA

O Programa Cidadania Activa é um instrumento de apoio às Organizações Não Governamentais (ONG), ou seja, pessoas colectivas de direito privado, de base voluntária e sem fins lucrativos, que está em vigor até 2016 e é financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants).
O montante total do Programa eleva-se a 8,7 milhões de euros, tendo sido substancialmente reforçado em Março de 2014 pelo Estados Financiadores do Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEE): Noruega, Islândia e Liechtenstein. Inicialmente a verba disponível era de 5,7 milhões de euros, mas entretanto recebeu um reforço de três milhões de euros. O período de execução do Programa prolonga-se até Abril de 2016.
O acesso ao «Cidadania Activa» é feito através de concursos com regras de acesso e critérios de análise rigorosos, sendo a selecção de projectos efectuada com base no mérito relativo das candidaturas e tendo em conta as dotações pré-definidas para cada concurso. O elevado nível de exigência no acesso ao financiamento decorre das regras impostas à gestão dos programas do EEE nos 15 países europeus beneficiários.
Os projectos a candidatar ao Programa Cidadania Activa, que visa, sobretudo, o fortalecimento da sociadade civil, devem versar as seguintes áreas: A - Participação das ONG na concepção e aplicação de políticas públicas, a nível nacional, regional e local; B - Promoção dos valores democráticos, incluindo a defesa dos Direitos Humanos, dos direitos das minorias e da luta contra as discriminações; C - Reforço da eficácia da ação das ONG; D - Apoio à empregabilidade e inclusão dos jovens (categoria que surgiu já em 2014).
Como referiu na apresentação do projecto «Denominadores Comuns», que o Programa Cidadania Activa patrocina, Miguel Faria, que na Fundação Calouste Gulbenkian tem o pelouro deste programa, desafiou as instituições a apresentarem candidaturas, que estão abertas até ao próximo dia 12 de Maio, lembrando: “Não devemos deixar fugir estes apoios”.
Para mais informações consultar os links: http://www.gulbenkian.pt/Institucional/pt/Atividades/ProgramasGulbenkian/ProgramaCidadaniaAtiva-EEAGrants e http://www.eeagrants.gov.pt/.

Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)

 

Data de introdução: 2014-04-22



















editorial

NO CINQUENTENÁRIO DO 25 DE ABRIL

(...) Saudar Abril é reconhecer que há caminho a percorrer e seguir em frente: Um primeiro contributo será o da valorização da política e de quanto o serviço público dignifica o exercício da política e o...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Liberdade e Democracia
Dentro de breves dias celebraremos os 50 anos do 25 de Abril. Muitas serão as opiniões sobre a importância desta efeméride. Uns considerarão que nenhum benefício...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Novo governo: boas e más notícias para a economia social
O Governo que acaba de tomar posse tem a sua investidura garantida pela promessa do PS de não apresentar nem viabilizar qualquer moção de rejeição do seu programa.