PADRE VIRGÍLIO FRANCISCO REELEITO

UDIPS-Leiria quer criar Dia Distrital da Solidariedade

SOLIDARIEDADE - Que razões o levaram a candidatar-se a mais um mandato à frente da UDIPSS-Leiria?
Padre Virgílio Francisco
- Porque os Órgãos Sociais funcionam como equipa, a minha candidatura tem muito de incentivo e apoio dos colegas que comigo se têm dedicado à UDIPSS-Leiria, e que também continuam comprometidos e dedicados à causa da Solidariedade e à União. Porque acreditamos no valor, na força e na urgência da solidariedade e neste projecto que é a UDIPSS, porque os tempos têm sido de muita exigência e alguma dificuldade de coesão, porque não sentimos ainda uma maturidade de experiência e de trabalho de União e porque não surgiram outras candidaturas, tomamos a responsabilidade de nos candidatar e de dar o nosso melhor contributo em mais este mandato. Também a experiência e a sensibilidade pessoal, o conhecimento e a reflexão das realidades humanas, os desafios da sociedade actual e os apelos das pessoas e famílias mais pobres nos calam como exigência de empenho e de dedicação à causa da solidariedade.

Como caracteriza o nível de participação da UDIPSS – Leiria?
Sobretudo devido à falta de recursos (humanos e materiais) a participação da UDIPSS-Leiria tem ficado aquém do que seria desejável, quer na relação com as associadas, quer na intervenção “social”, quer mesmo nos eventos, fóruns, actividades (formação) afins à solidariedade e ao ser e sentir da União. No entanto, temos procurado tornar presente o querer, o fazer e o sentir das IPSS nos organismos oficiais em que somos parceiros, nomeadamente: Redes Sociais, Comissão de Acompanhamento e Avaliação dos Protocolos de Cooperação, Plataformas Territoriais, Conselho Directivo da CNIS. Também nos eventos mais significativos das Instituições e a elas referentes temos procurado marcar presença, o que nos permite melhor conhecimento da realidade, dos projectos, das possibilidades e das necessidades das IPSS.

Como classifica o relacionamento com a CNIS?
Passou por algumas dificuldades que, cremos, com o empenho e o compromisso de ambas as partes, vai sendo normalizado e melhorado no sentido da confiança, do respeito, da cooperação. A melhor definição que se vai aprendendo e acordando sobre as competências, as responsabilidades, o financiamento e os meios de cooperação entre ambas as Instituições é importante e benéfico para o relacionamento solidário e saudável que todos desejamos que permaneça e continue a melhorar.

Como se caracteriza o relacionamento das IPSS com a União?
Sobretudo devido à falta de meios humanos (porque faltam os financeiros), a União nem sempre tem conseguido desenvolver todos os projectos que desejava levar a cabo no sentido do conhecimento das Associadas e da realidade social do distrito, do lançamento de propostas e desafios às IPSS, e da disponibilidade de serviços e de apoios às Instituições. No entanto sentimos que se vai construindo uma relação de confiança e de cooperação.

Qual é panorama social do distrito de Leiria?
O conhecimento que temos do nosso distrito é bastante empírico e limitado. Apesar da população do distrito de Leiria viver ainda em certo equilíbrio e paz social (condições habitacionais, estruturas de trabalho, de estudo, de saúde…), notamos que há situações e sinais que apelam à organização social, à justiça e à solidariedade: A nível da infância, os problemas “normais” decorrentes do emprego dos pais e os “especiais” que advêm de famílias pobres e/ou disfuncionais; os jovens que “sofrem” a falta de projectos motivadores de valorização pessoal, de estruturas de apoio e de horizontes de futuro (esperança); os adultos que vivem a insegurança do emprego, os salários baixos e a fraca qualificação académica e profissional; os idosos que enfrentam dificuldades económicas, insegurança afectiva e, algumas vezes, abandono/ solidão; os deficientes que ainda são algo esquecidos; os doentes que têm dificuldade no acesso aos serviços de saúde…

E qual é o papel das IPSS nessa realidade?
Tem sido de muita importância, quer nos serviços que prestam, quer na consciência de solidariedade que vão desenvolvendo nas comunidades, quer mesmo no “chamar” as entidades oficiais a assumir as respectivas competências e responsabilidades. Apesar de não responderem a todas as necessidades, as IPSS têm no distrito uma rede de estruturas, de valências sociais e de serviços muito significativas e que têm sido a resposta às pessoas nas diversas situações de alguma dependência (crianças, jovens, deficientes, idosos…).

Há ainda problemas sociais sem resposta por parte das IPSS?
Sim. Por um lado há os problemas “tradicionais” para os quais ainda não há uma cobertura completa e, por outro, vão surgindo os “novos problemas” de solidão sobretudo dos idosos devido à mobilidade dos filhos e/ou conflituosidade familiar, à perda das relações de vizinhança e à necessidade da casa fechada (insegurança), de instabilidade afectiva e desagregação familiar, de falta de meios económicos (desemprego, salários baixos e/ou em atraso, créditos em dívida…), de violência (doméstica e social), de propostas motivadoras de desenvolvimento pessoal e de esperança (jovens). Cremos que as IPSS continuam a ter um papel importante, necessário e mesmo imprescindível em favor da Pessoa, e das pessoas.

Que projectos e áreas de intervenção são prioridades para este seu mandato?
Conforme indicamos no nosso plano, iremos privilegiar as seguintes áreas e acções:
Informação: Acreditando no valor e necessidade de informação certa, oportuna e de qualidade, é hoje um capital de extrema importância que é preciso saber gerir de modo a que todos possam estar em condições de decidir e de agir com clarividência e confiança, a UDIPSS procurará colher, gerir e difundir toda a informação de modo a que a possa fornecer às associadas, conforme as suas necessidades e os seus interesses.
Formação: Como em todas as organizações, o capital mais valioso são as pessoas. Para que haja respostas de qualidade às necessidades e às solicitações dos indivíduos, das famílias e das comunidades, é fundamental a valorização dos recursos humanos pela sua formação contínua, quer a nível das próprias capacidades e interesses pessoais, quer a nível das exigências do trabalho profissional e/ou voluntário. Além do incentivo / motivação para a formação, a UDIPSS procurará promover acções de formação que, por um lado respondam às exigências legais e, por outro lado sejam adequadas às necessidades pessoais e profissionais dos colaboradores das IPSS. Contamos propor às associadas algumas sessões temáticas de esclarecimentos e de reflexão a realizar nas próprias instituições, seja para os seus dirigentes, para os colaboradores, para os utentes e/ou familiares ou para a população em geral.
Dia distrital da solidariedade: Voltamos a propor o que lançamos há três anos, mas ainda não concretizamos; o dia distrital da solidariedade. Pretendemos que seja um dia preparado ao longo do ano por todas as instituições. A partir de um tema escolhido todos são convidados a reflecti-lo e a “produzirem” alguma coisa que venha a fazer parte do dia distrital da solidariedade seja para exposição (trabalhos escritos, desenhados ou registados em fotos…) ou para apresentação (encenações, músicas, danças, poemas, vídeos…).

Ao nível da formação como define o estado actual dos recursos humanos nas IPSS?
Bastante necessária, mas sobretudo muita vontade de melhorar… Verificamos que muitas/os das/os colaboradoras/es das IPSS não têm formação académica específica para as funções que exercem e que, no passado, a formação era sobretudo feita no próprio local de trabalho pelos técnicos próprios e outros, eventualmente convidados. Hoje vemos que há uma maior consciência do valor da formação para a melhor qualidade dos serviços e também se nota mais procura, disponibilidade e interesse, quer dos colaboradores quer dos dirigentes das instituições. Além das indicações e das mensagens que nos apontam um futuro próximo de dificuldades acrescidas, tomamos também a mensagem de Bento XVI para o dia 1 de Janeiro de 2009, como um desafio premente: “Combater a pobreza, construir a paz”. E desejamos para todos um Feliz 2009, com muitos progressos e sucessos no trabalho e no dinamismo da Solidariedade.

 

Data de introdução: 2009-01-07



















editorial

NO CINQUENTENÁRIO DO 25 DE ABRIL

(...) Saudar Abril é reconhecer que há caminho a percorrer e seguir em frente: Um primeiro contributo será o da valorização da política e de quanto o serviço público dignifica o exercício da política e o...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Liberdade e Democracia
Dentro de breves dias celebraremos os 50 anos do 25 de Abril. Muitas serão as opiniões sobre a importância desta efeméride. Uns considerarão que nenhum benefício...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Novo governo: boas e más notícias para a economia social
O Governo que acaba de tomar posse tem a sua investidura garantida pela promessa do PS de não apresentar nem viabilizar qualquer moção de rejeição do seu programa.