LUTA SOCIAL

Mil em protesto de reformados contra “pensões de fome”

Foram cerca de mil os participantes na concentração em frente à Assembleia da República que depois se transformou em cordão humano até à residência oficial do primeiro-ministro. O MURPI, que reúne 250 associações de reformados, pensionistas e idosos de Portugal continental e ilhas organizou a acção de protesto. A presidente da Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos (MURPI) garantiu em Lisboa, que "a luta" contra as políticas sociais do governo "irá continuar enquanto persistirem as pensões de fome em Portugal".

Maria Vilar falava à imprensa depois de se ter encontrado com o assessor para os assuntos laborais do primeiro-ministro, a quem entregou uma "carta aberta muito urgente" a exigir aumentos mais justos e solidários das pensões de reforma e em que "deixam pistas" para a resolução destas questões.

Segundo a dirigente do MURPI, o assessor de imprensa de José Sócrates disse-lhes que "não tivessem esperança de uma alteração das políticas, uma vez que foram estas as anunciadas para esta legislatura".

"Estamos descontentes e desiludidos, até porque fomos enganados pelo primeiro-ministro, que na campanha eleitoral prometeu que, em 2006, nenhum reformado ficaria a receber menos de 300 euros, o que afinal acabou por ser mentira", defendeu.

Para a dirigente do MURPI, a resolução do problema dos idosos passa por uma "vontade política que o Governo não tem demonstrado ter", já que "se cobrasse a dívidas de 3,2 mil milhões de euros das empresas à segurança social garantia o pagamento de pensões condignas a cerca de 900 mil idosos, pelo menos durante um ano".

Razão por que, assegurou, a Confederação "não vai perder a coragem de lutar e resistir enquanto houver reformados que se queixam com fome, que não têm dinheiro para comprar medicamentos e que têm receio que a alteração da lei das rendas de casa lhes faça perder a casa".

Maria Vilar invocou mesmo a presidência aberta de Jorge Sampaio, dedicada ao "envelhecimento e autonomia" e realizada na semana passada, em que o Chefe de Estado reconheceu os "inúmeros problemas que afectam os idosos".

"Ainda que tardiamente, o Presidente da República chamou à atenção do Governo para os problemas dos idosos, agora só nos resta esperar que lhe mostre um cartão", disse Maria Vilar, numa alusão directa à dissolução de Jorge Sampaio ao Governo de Santana Lopes, ocorrida há cerca de um ano.

Entre as exigências do MURPI contam-se a pensão mínima de 300 euros para todos, e não apenas para quem tem mais de 80 anos conforme a proposta do Governo para 2006, e um aumento mínimo de 32 euros para os trabalhadores que descontaram mais de 30 anos para a Segurança Social.

Os reformados reclamam, igualmente, o fim do pagamento das taxas moderadoras dos serviços de saúde, do IRS e do IVA e contestam a diminuição de algumas comparticipações em medicamentos.

 

Data de introdução: 2005-12-06



















editorial

NOVO CICLO E SECTOR SOCIAL SOLIDÁRIO

Pode não ser perfeito, mas nunca se encontrou nem certamente se encontrará melhor sistema do que aquele que dá a todas as cidadãs e a todos os cidadãos a oportunidade de se pronunciarem sobre o que querem para o seu próprio país e...

Não há inqueritos válidos.

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Em que estamos a falhar?
Evito fazer análise política nesta coluna, que entendo ser um espaço desenhado para a discussão de políticas públicas. Mas não há como contornar o...

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Criação de trabalho digno: um grande desafio à próxima legislatura
Enquanto escrevo este texto, está a decorrer o ato eleitoral. Como é óbvio, não sei qual o partido vencedor, nem quem assumirá o governo da nação e os...