LIGA DOS AMIGOS DA QUINTA DO CONDE, SESIMBRA

Criar centro de convívio para utentes do SAD é projeto para breve

Tudo começou corria o ano de 2001, mas volvidos alguns anos e já com trabalho feito, a Liga dos Amigos da Quinta do Conde alterou o rumo de ação e, em 2007, avançou para a vertente social, com o propósito de apoiar a população da freguesia. “A ideia era encontrar uma forma de encontrar benfeitorias para a Quinta do Conde”. Uma creche, um pré-escolar, desde maio um SAD são as valências da instituição, mas a falta de apoio estatal e de reconhecimento autárquico são mágoas entre os seus dirigentes.
A LAQC – Liga dos Amigos da Quinta do Conde teve origem num jantar entre quatro amigos, moradores na freguesia do concelho de Sesimbra, preocupados com as necessidades na localidade.
“A ideia era encontrar uma forma de encontrar benfeitorias para a Quinta do Conde e, então, decidimos criar a LAQC, que teve um papel muito importante a nível de ecossistema, algo que nos preocupava bastante, com um trabalho muito válido na limpeza do rio Coina, por exemplo, com a criação um jornal «O Condense», transformado agora em boletim”, conta José Anselmo, presidente da instituição.
Tudo começou corria o ano de 2001, mas volvidos alguns anos e já com trabalho feito, os responsáveis pela instituição decidem alterar o rumo e, em 2007, equacionam abraçar a vertente social, com o propósito de apoiar a população da freguesia.
“Inicialmente não era bem na área da infância que pretendíamos entrar, mas mais os idosos, mas como estava no auge o PARES, que apoiava a criação de creches, acábamos por ir por aí. E, então, decidimos avançar, alterámos os estatutos e todo o sistema para entrarmos na vertente social”, recorda José Anselmo.
Com o apoio do PARES, em 2011, o equipamento para acolher a creche estava concluído e o arranque da atividade social deu-se com a inauguração do novo edifício, onde desenvolve atualmente as respostas sociais.
Apesar de o início ter sido pela área da infância, a LAQC pretendia apoiar a população mais idosa, a necessidade que a Direção sentia como mais premente.
“Isto foi um núcleo clandestino durante muito tempo e veio para aqui muita gente de muitos lados. A determinada altura as pessoas começaram a envelhecer e não havia respostas, como ainda hoje não existe um lar. Há privados, mas de IPSS não há nenhum”, contextualiza o presidente, acrescentando: “Por isso, estarmos as pensar em avançar para esse apoio, mas como o que estava aberto em termos de candidaturas era para creches e como nos desafiaram, dizendo-nos «já que estão com essa vontade toda, por que não avançam para uma creche?». E avançámos!”.
Foi feita uma pré-candidatura ao PARES, o então presidente da Câmara de Sesimbra também acolheu muito bem a ideia e quando a instituição tinha as coisas mais alinhavadas, pediram um terreno que foi cedido. “Na altura, nesta zona da Boa Água e do Pinhal do General, o loteador foi deixando uns espaços para equipamentos sociais e este era um deles”, explica o presidente da LAQC, revelando que, face aos contratempos que tiveram, “só a grande força de vontade é que permitiu ultrapassar uma série de obstáculos”.
O projeto orçou em cerca de 600 mil euros, mas com ampliação para o pré-escolar o valor, entretanto, duplicou.
Cientes das necessidades da comunidade, os dirigentes da Liga já começaram a pôr em marcha o projeto social inicial, ou seja, o apoio aos idosos.
Há sete anos a trabalhar a área da infância, a instituição agora abre-se à terceira idade e no início de maio começou a funcionar o Serviço de Apoio Domiciliário (SAD). E José Anselmo está convencido que mais vale tarde do que nunca.
“Cada vez há mais necessidade”, atira, acrescentando: “Quando vim para aqui tinha vinte e poucos anos, hoje tenho 71 e como eu muitos. Grande parte da população, como é normal, está a envelhecer e há necessidades. Apostamos mais no apoio no domicílio do que num lar, porque queremos manter as pessoas no seu meio. Não podemos empurrar as pessoas para os lares”.
Para o dirigente, a ação da instituição deve ser canalizada para “fazer um serviço de qualidade, mantendo a pessoa no seu meio ambiente, em sua casa”.
A funcionar desde o início de maio, o SAD tem três utentes e uma capacidade para apoiar 40, sendo que não tem acordo de cooperação.
“Este processo do SAD já anda enrolado para quase quatro anos. A informação que vem do Centro Distrital é que não há cabimento orçamental. Agora, com a situação que criaram com o PROCOOP, digo-lhe honestamente, o Estado tem um depósito e uma torneira que só vai abrir quando quiser. Isto é complicado, porque esta é uma zona de pessoas com grandes dificuldades e nós estamos a praticar uns valores muito próximos do limite. Vamos ao encontro das possibilidades das famílias. Sabemos que no início teremos que investir, mas se não houver apoio da Segurança Social vai ser muito complicado. Vamos ver o que isto dá, mas o PROCOOP limita-nos muito. Depois, fizemos todos os requerimentos antes do PROCOOP ser lançado e agora fecharam-nos a torneira e temos que esperar que abra. Não se sabe é quando será!”, critica, explicando a forma como estão a definir as mensalidades: “Na análise que fazemos da situação financeira das pessoas procuramos utilizar as tabelas da Segurança Social, apesar de não termos acordo de cooperação. Se não fosse assim, pelo menos, duas das três pessoas que já apoiamos não poderiam ser apoiadas. Os valores que pagam quase não chegam para pagar o valor da refeição”.
José Anselmo considera que a instituição “está a fazer um investimento”, porém não sabe “até quando conseguirá suportar sem o acordo de cooperação”.
“Esperamos aumentar o número de utentes em breve. Como disse, lançámos este processo há cerca de quatro anos, publicitámo-lo e começaram logo a aparecer pessoas interessadas, mas isto é algo que as pessoas querem para hoje ou até para ontem, nunca para daqui a uns tempos… Agora estamos a prestar o serviço, mas muitas dessas pessoas encontraram outras respostas”, sustenta.
Para o líder da LAQC, “as mensalidades são bastante baixas, porque ainda há muita gente desempregada ou em que só um dos pais trabalha, e grande parte a ganhar o ordenado mínimo. Temos aqui mensalidades muito baixas e já tivemos diversas situações em que não levávamos dinheiro nenhum, mensalidade zero”.
Mesmo assim, a instituição pretende dar uma resposta mais diversificada à população idosa e, depois da abertura do SAD, tenciona criar um Centro de Convívio como complemento ao apoio no domicílio.
“Como entendemos o SAD não é suficiente ir apenas a casa das pessoas, pelo que a nossa ideia, e já pedimos apoio à Câmara, é criar um Centro de Convívio para que as pessoas com alguma autonomia possam sair de casa e conviver com outras. Manter as pessoas apenas em casa, apesar do apoio que lá se vai dar, também não é a solução. O nosso projeto prevê esta situação, já pedimos à Câmara um espaço, que até pode ser partilhado, mas que esteja já construído ou, então, um espaço livre para podermos avançar. Este espaço que temos para as crianças é bom e suficiente, mas para idosos não é tão funcional. Este é um dos nossos objetivos e esperamos conseguir concretizá-lo em breve”, revela José Anselmo.
Neste momento, a instituição acolhe em creche 76 petizes e 25 em pré-escolar (todos cobertos por acordo de cooperação), uma resposta com capacidade para 75. Este défice de frequência está a levantar problemas à instituição e a Direção tem algumas críticas ao sistema.
“Todos os anos da nossa creche saem 34 crianças, o que dava logo para sala e meia. Não havendo acordo, e com a Câmara a abrir salas de pré-escolar, apesar de nós termos duas salas vazias, muitas das crianças vão para outros sítios. Enquanto não houve nada as IPSS eram as melhores e até eram ajudadas, agora começa a haver outras respostas e as IPSS começam a ser empurradas”, lamenta, critica: “Vai havendo alguma resposta, mas, na verdade, apesar de nós estamos inseridos na Rede Pública, a Câmara prevê construir mais duas salas, estando aqui duas salas disponíveis. Isto não se percebe! Devia haver mais cooperação, mas infelizmente não é assim”.
Assim sendo, como está a saúde financeira da LAQC? “Equilibrada, porque a gestão é muito rigorosa e feita com muita cautela. Para além de um serviço de excelência, na alimentação e nos cuidados, isto tem que ser gerido com muita ginástica, recebendo de um lado e pagando do outro. Procuramos ter as contas equilibradas, salários e tudo o resto em dia, mas temos ainda uma dívida de 170 mil euros, fruto da construção do equipamento”.
Com uma equipa de 27 funcionários a que se juntam mais 12 fruto do acordo com a autarquia, a LAQC já teve uma cantina social, mas cerca de dois anos depois desistiu.
“O que aconteceu foi que nós não tínhamos parte ativa na seleção das famílias e começaram a acontecer coisas que achámos menos corretas. Pessoas que não tinham necessidade vinham aqui mandadas por eles e havia outras pessoas que tinham necessidade e não podiam vir. Aconteceram coisas menos agradáveis e questionei a diretora da Segurança Social com a possibilidade de, a continuarmos com a Cantina Social, termos parte ativa na seleção das famílias e ela mandou-me pôr a questão à secretária de Estado. Disse-lhe que era a ela que tinha que pôr a questão, porque quem faz a seleção das famílias estão sob a alçada dela, ao que ela me disse que se quiséssemos desistir o podíamos fazer. Disse-lhe que não queria desistir, mas dar refeições a pessoas que realmente precisam, o que não estava a acontecer. E, assim, acabámos por desistir”, conta o presidente da instituição.
E como seria da Quinta do Conde sem a LAQC? “Mais pobre. Sou suspeito, mas a Liga, desde o seu aparecimento em 2002 até agora, tem feito um bom trabalho e continua a ser importante. Embora, e nós fizemos questão de colocar nos estatutos que a Liga é apartidária, quando não se está ligado a nada ou não se concorda com determinadas situações, parece que há assim um pôr de lado. E sinto isso em relação à Liga. Nós somos certificados pela norma ISO 9001, temos o Nível A da Segurança Social, ou seja, queremos e prestamos um bom serviço, mas isso não é reconhecido pelo poder autárquico. O trabalho que fazemos, até este momento, ainda não foi reconhecido”, lamenta José Anselmo.

 

Data de introdução: 2018-06-14



















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