PADRE JOSÉ BAPTISTA, PRESIDENTE DA UDIPSS-PORTO

A Solidariedade vai sair à rua

Está a ficar tudo pronto... As UDIPSS de Bragança, Vila Real, Braga, Viana do Castelo e Porto, em parceria com a CNIS, já definiram a rota que seguirá a Chama da Solidariedade 2014. A tocha solidária é acesa na Guarda, local da última Festa, e durante a primeira semana de Junho percorrerá os distritos de Bragança, Vila Real, Braga, Viana do Castelo. Nesta parte do trajecto estão previstas algumas paragens em instituições, mas o objectivo principal é colocar a Chama no Distrito do Porto, epicentro da organização solidária deste ano, iniciativa que já vai na sua oitava edição consecutiva.

A entrada no Distrito do Porto está prevista para o dia 5 de Junho, quinta-feira. A recepção é feita no Concelho da Póvoa do Varzim, passando por Vila do Conde, Guilhabreu, Maia, Alfena, Ermesinde, Valongo, Gondomar, chegando, finalmente, ao Porto, mais concretamente ao Palácio de Cristal, no dia 7 de Junho, para o encerramento da grande Festa da Solidariedade e do Congresso. Ao longo do percurso a chama poderá ser transportada a pé, de carro, a cavalo, de bicicleta, de motociclo, de balão, de barco... enfim, todas as formas são pertinentes para celebrar a solidariedade e o voluntariado.

A participação das IPSS, com utentes, funcionários, familiares e amigos, com a sua motivação, empenho, mobilização, entusiasmo e animação, emprestam à iniciativa um colorido e uma alegria que preenchem as ruas e caminhos por onde passa o cortejo. A visita a algumas instituições faz parte do programa da Chama da Solidariedade.

A União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social do Porto (UDIPSS-Porto), que tem a seu cargo a parte principal da organização, já definiu os pontos de passagem, as paragens, e as visitas de cortesia a alguns organismos com destaque para as autarquias que estão a aderir de maneira irrepreensível.

Para o Padre José Lopes Baptista, presidente da UDIPSS-PORTO, “a Festa da Solidariedade é uma oportunidade para o sector solidário se reunir e para promover os interesses das Instituições de Solidariedade, divulgar boas práticas, chamar a atenção para a nossa cultura, identidade e valores solidários. Tudo isto rodeado de animação e recreação a cargo das mais diversas instituições sociais. A Chama da Solidariedade, desse ponto de vista, é uma montra extraordinária do dinamismo das instituições, apesar da crise profunda em que também elas vivem.”

Como avalia este momento para as IPSS?
É um momento crucial, crítico para as IPSS. Estamos a atravessar uma fase complicada no que diz respeito à vida das pessoas, falta de emprego, decréscimo de condições de vida, pobreza que caminha para a miséria. As pessoas andam tristes, desiludidas e desencantadas. As IPSS têm vindo a fazer um trabalho de contenção tremendo. Eu só espero que elas não se degradem a elas mesmas. Não só pela via financeira, já que cada vez são mais escassos os recursos mas, para atender a tantas situações, eu espero que os aspectos da educação, os aspectos técnicos, pedagógicos, não venham a ser postos em causa. A mim preocupa-me. Houve uma fase em que falávamos muito na sustentabilidade, mas também falávamos muito na qualidade dos nossos serviços. As respostas às necessidades e, sobretudo àquilo que as pessoas esperam das instituições, não podem ser hipotecadas pela degradação social e pela degradação financeira e económica, fazendo das IPSS instâncias de recurso.

Nessa perspectiva a Festa da Solidariedade pode ser uma forma de chamar a atenção?
Naturalmente que sim. Espero que que as IPSS aproveitem esta ocasião para se manifestarem. A Solidariedade vai sair à rua, mostrando aquilo que faz e que faz bem e não no sentido reivindicativo. Espero que a iniciativa da Chama da Solidariedade seja uma forma de gratidão, lembrando que as IPSS têm, nesta fase difícil, estado com os mais débeis, sem defraudar a sua matriz própria. Espero também que a imagem da solidariedade ao passar seja uma chama que chame a atenção para quem anda a dormir ou para quem anda com outro tipo de interesses que não o dos cidadão. Nós temos uma marca de serviço às comunidades, seja nos idosos, desempregados, toxicodependentes, deficientes, crianças... e queremos ser respeitados por isso.

A UDIPSS-PORTO, como principal organizadora da Chama da Solidariedade, atribui significado especial ao facto desta Festa ser no Porto, sede da CNIS?
Tem um valor próprio, na medida em que ao vir ao Norte, talvez seja voltar às raízes. É uma forma simbólica das Instituições voltarem à sua matriz. É importante reaprender para depois projectar. Nesse sentido a Chama, a Festa e o Congresso têm muita actualidade. Ser no Porto reforça esse sentido. E é também reconhecimento, dizendo-o com toda a clareza, a grandes homens que se votaram à questão da solidariedade. Entre eles destacamos o padre Lino Maia. É uma figura incontornável, do meu ponto de vista, da solidariedade em Portugal e na defesa dos mais desprotegidos. O ser na sua terra e na sua cidade onde ele aprendeu a ser solidário tem um significado muito especial. Por isso, eu espero que os orgãos sociais da CNIS, as Uniões Distritais, os dirigentes sociais de todo o país também compareceram a esta Festa do Porto.

O percurso da Chama já está definido?
Praticamente definido. Não nos esquecemos que a Chama já passou no Porto, a caminho de Barcelos. Tivemos o intuito de passar com a Chama por onde ainda não tivesse passado. Vem do distrito de Viana e daí a entrada pela Póvoa. Foi uma escolha lógica. Estará presente no centro da cidade poveira, na quinta-feira, ao princípio da tarde. Passará a seguir para Vila do Conde. A ideia é passar pelo centro das localidades, pelas câmaras municipais e visitar aqui e ali algumas instituições. No dia seguinte vai passar pela Maia, Ermesinde, Valongo e entregaremos a Gondomar onde haverá uma festa pública. No sábado de manhã será entregue no concelho do Porto... em Campanhã. Na cidade do Porto, depois de passar pela Sé ficará em frente à Câmara Municipal e à tarde seguirá para o Palácio do Cristal.

Qual tem sido a receptividade das instituições, organismos e autarquias?
Tem sido muito boa. Quer ao nível das instituições, quer ao nível das autarquias de Vila do Conde, Póvoa, Gondomar, Valongo e Porto. Contamos com grande adesão das IPSS e não só. Nós esperamos uma grande participação das Instituições do distrito. A intenção é ser o corolário da reflexão que vai ser feita no Congresso e, ao mesmo tempo, sentir o distrito à volta da CNIS e do seu presidente. Com esta manifestação queremos também dizer que a CNIS deve continuar a ter o Padre Lino Maia como seu presidente no futuro. É a minha opinião pessoal sedimentada nas IPSS por onde passo e pelas pessoas com quem falo na sociedade civil.

Haverá também muitos convidados...
Nós estamos a enviar convites a todos e, como vai acontecer num período pós-eleitoral, eles estarão mais livres para a participação. Vamos fazer um convite à juventude através dos escuteiros e não só, e, para a marcha da Avenida dos Aliados até ao Palácio, contamos com a colaboração voluntária de um pessoa que está habituada a organizar eventos desta natureza.

 

Data de introdução: 2014-05-11



















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